segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

A navalha da lembrança





Alguém bate a porta,
A noite alta e os calafrios dizem-me que algo maléfico espreita.
Arrasto-me pelos cantos escuros
E sinto o acre cheiro de enxofre.

Lá fora a chuva cai forte
E a porta se abala mais uma vez pelas batidas insistentes.
Falo sem parar,
Palavras que dissolvem-se pela casa vazia,
São reclames,
Maldições de um homem velho e rabugento.

Rabugento homem que escolheu mal as pessoas para amar,
Sempre envolvendo-se em sentimentos difíceis
E hoje vive a angustia de suas perdas.
E na porta não param de bater.

Como fugir dos demônios que atormentam-me
Se boa parte deles habitam em mim?
Sopra o frio vento pela janela entreaberta,
O gélido toque do ar
Traz-me o receio de atender a porta que agora está em silêncio.

Não é hora para se bater na porta da casa dos outros,
Quem será?
Quem será?
Serão meus inimigos prontos para rirem de meus tormentos?
Ou minha amada buscando aquecer sua madrugada fria?
Alguém querendo cobrar meus dividendos?

É muito tarde para se bater a porta de alguém,
Além do que minha amada já se encontra em um reino que não pertence aos vivos,
Não se pode cobrar dividas de quem não tem mais dinheiro e muito menos honra.

Quem bate a porta?
Quem?

De forma quase sofrida ergo-me de meu torpor
E encaminho-me a porta,
Um leve ruído faz-se ouvir.
Garras arranham a porta
E assim num misto de curiosidade e medo
Alcanço a maçaneta e faço a porta abrir-se.

Ela vem,
Abraça-me
E como uma mãe me leva em seus braços
E a noite vai embora
E eu vou com ela.



Diogo Ramalho

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Cão



Complicado foi arriscar e ceder,
Apostar alto em um futuro imprevisível,
Impremeditavel!
Mas o improvável naquele instante era o que existia de mais real,
Delírios de uma alma amorosamente acomodada.

O centauro adora novidade,
Choque no peito para acordar,
Acordou, experenciou e...
...Volta pra casa arrependido.
O espírito e o ego profundamente ferido.
Aprendizado,
Renovado.

Se erguer e não se importar com os machucados,
Lá na frente vem melhor,
A recompensa.

A recompensa para aquele que não abaixa a cabeça
E tem o bem como aliado.
Sempre tem a recompensa,
Quando não se espera nada, nem ninguém a recompensa vem,
Sempre vem...



Diogo Ramalho

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Barra Grande



Tudo em volta parece tão sério,
Todos preocupados com cotidianos frenéticos,
Falta a leveza de seu sorriso.

Um dia numa praia afastada.
Pessoas correm,
Pulos alegres
E os pés afundam na areia molhada,
Vento e ondas,
Frouxas e divertidas gargalhadas
Nos dois,
Um casal lindo de mãos dadas.

Sol dourando os corpos abraçados,
Uma dança em harmonia rítmica.
Fumaça espessa
E cabeças avoadas.

Tudo em volta parece tão sério,
Queria que esse sorriso
Pudesse sorver,
Os olhos invejosos que nos encara...

Frouxas risadas.


Diogo Ramalho


segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Minúsculo




Deixa a vida como está,
Sem problemas maiores para solucionar.
Por um instante quis o caos.

Deixa o peito sossegar,
Cada coisa em seu lugar,
Escolhas que fiz por você instigar
O meu coração a querer amar.

Você,
Não sabe o que existe por trás do meu olhar,
Sou os mistérios que invadem o coração,
A chama quente que te renova à emoção.

Ao acordar durante a noite irá se lembrar,
De cada momento que resolveu se entregar,
Aos pedidos,
Aos beijos,
Abraços e carinhos perfeitos.

Desse jeito que quero está,
Então deixa...
Deixa o peito sossegar.

Deixa eu cantar,
Seu sono embalar...
Com carinho velar seu dormir,
Uma linda historia que não teria fim.

Deixa...
Deixa...
Deixa...



Diogo Ramalho

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Aranha armadeira






Na descida das estrelas esbarrei em sua teia
E meu coração solitário ficou enamorado,
Pela aranha rendeira.

Na descida das estrelas encontrei minha princesa,
Uma linda aranha armadeira,
E eu espreguiço-me na confortável cama de renda
E ela me beija com sua língua acrobata,
E das estrelas não sei mais nada.

Não permita Deus que um dia eu precise retornar,
Para meu universo frio e desalmado,
No tosco planeta azul esbarrei em minha salvação.
Fui salvo por amar,
Pois antes vagava sem motivo,
Vagar, por vagar...

Explorando o universo por não ter com que se preocupar,
Um amor,
Compromisso,
Responsabilidade de voltar.
Sempre em frente,
Desconhecido destino que sempre distraiu
Trazendo uma débil alegria para meu coração imbecil.

Na descidas das estrelas,
Encontrei minha aranha armadeira,
Com sua linda e confortável teia,
Me envolveu,
E me mostrou o afeto simples,
Que com palavras não se exprime.

Na descida das estrelas,
Perdi-me de meu caminho,
Encontrei minha aranha
E nunca mais fui sozinho.

Descida sem volta,
A ruptura com a subida.

Enredei,
Enredei,
Enredei em sua teia.




Diogo Ramalho

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Me esqueço




Sempre que eu te esqueço
Eu sou feliz...
No momento que te esqueço
Eu sou feliz...
A cada dia e a cada beijo que não é o seu
Eu te esqueço.
E quando te encontro
Não te desejo,
Não me entrego,
Nem quero seus beijos.

Felicidade é quando te esqueço,
Esqueço dos seus olhos,
Sua boca que me enche de desejos,
Tudo isso eu esqueço.
Ser feliz também mereço
E se tiver que ser assim,
Não te vejo.

O céu em um tom azul bebê,
Faz do dia um momento lindo,
Onde sigo cantarolando e rindo,
Esquecendo que no peito há um amor que já disfarço que não sinto.

Sempre que estou feliz,
Eu te esqueço,
Eu te esqueço...
Para não me entregar,
Para não ter desejos.

Uma fábula que não se espera,
Minha dark cinderela
Que nunca vou desencantar.

Quando sou feliz...
Te esqueço,
Te esqueço...



Diogo Ramalho

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

A pergunta que ninguém faz...




O povo está na rua...
Por que, por quê?
São sempre as mesmas mentiras...
Por que, por quê?
Não querem que veja o que está além da TV.
Cansaço virou revolta
E essa é a hora de mostrar o que não querem deixar você ver..

O povo está na rua...
Por que, por quê?
A dona de casa não quer sabe,
O pai resmunga e xinga,
E assim ficam contra quem luta por você.

Uma multidão de cegos no sofá
Enquanto nas ruas a massa revoltada grita.
Pedras e fogo no camburão,
Chute nas bombas que atiram para reprimir a população.

O Estado mostra sua cara
E o que se vê não é para rir.
Governo formado por ditos revolucionário do passado,
Que assumem o poder e ajudam o lado errado,
O povo só tem o beneficio do consumo
E assim acha que vive em uma outra realidade.
Mas esquece que o Estado não pensa nas suas necessidades,
O IPI reduzido não muda a educação,
Incha as rodovias e aumenta a poluição.
A LCD da sala não te trará a salvação,
Se por acaso fique enfermo,
Precisando de hospital, enfermeiro, injeção.

O povo está na rua...
Porque, por quê?
Isso quem está em casa não sabe dizer,
Quem está acompanhando tudo pela maldita TV,
Que mastiga e entrega tudo para você,
Engolir sem reclamar
E satisfeito você senta sem se perguntar.

O povo está na rua...
Porque, por quê?



Diogo Ramalho

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Sabe, Sei, Sabem, acho, acham...



Há no caminho uma casa abandonada,
Onde todos que passam prestam suas homenagens,
Ali morou e morreu um homem que se dizia sentimental.
Por anos viveu só,
Apenas os rouxinóis o visitavam fim de tarde,
Exclusão por não se sentir incluso.
Em um meio social facilmente excludente.

Garotos perdidos não viram a beleza de se está fora da rota,
Uma imprevisibilidade que muitos não conheciam,
Julgando-se conhecedores do destino e das pessoas.
Agora não sabem nada,
Apenas impressões.

O que vêem é o resumo de uma criação de achismo
E suposições.
Ele te ama!
Não dê atenção,
Carente ao extremo.
Ouça o aviso então!

O mundo dentro de uma pequena caixa de intrigas,
Não sabem quem são, quem sou e quem és...
O que se sabe é apenas o que se acha.
Um personagem criado em uma serie de observações.

Há no caminho uma casa abandonada,
Onde todos prestam suas homenagens para aquele que não quis saber de nada,
Nada!
Sua vida era sua preocupação,
Nada de achismo ou intromissão.

Quando muito cansado da opinião de seres indesejados,
Pegou seu matulão,
Pois os pés na estrada
E no meio do nada construiu sua casa.

O progresso o encontrou em poucos anos
E para não se ver cercado por esse progresso acinzentado,
Abraçou a natureza amiga
E com a coragem dos loucos findou sua vida.
Os que se lembravam dele eram poucos
E o que sabiam era bem pouco também.

Mais ainda surgiu o comentário,
Foi morar no mato
E ficou louco,
Vivia só,
Isolado,
Sujo como um porco!

E o homem jaz morto!



Diogo Ramalho

terça-feira, 29 de outubro de 2013

O que querem




Nos querem imbecis,
Acenando e rindo
Para tudo que nos ofertam.
Nos querem dominados, adorando e multiplicando as palavras enganosas
Que nos envolve e move ações.
Está aí bem as claras,
Mas fingem não ver,
Pedem que fechemos os olhos.

Nos querem imbecis,
Porque eles são violentos
E não querem que reclamemos.
Querem dominar,
Dominar...
São parasitas malditos que querem nos subjugar.
Imbecis...
Imbecis...



Diogo Ramalho

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Ei você




Solidão por opção,
Acompanhando a saga dos guerreiros da relação,
Que com medo de ficarem só
Se apegam a sorrisos leves.
Poupo o coração
E não espero por nada.
Aparece o que tiver de aparecer,
O caminho que lhe oferece a opção,
Não reclame de suas escolhas ruins,
Não culpe ninguém,
És o único culpado pela sua falta de sorte.
Não nascemos grudados,
Crescemos distantes e separados.

Sua existência era por mim desconhecida,
Então a solidão me parece lógico e racional.
Nada de impulso,
Se estimulado ao sentimental
O ser humano atual começa a sofrer de diabetes emocional,
Açucarando ao extremo,
Coisas, atos, gestos que deveriam ser tido como uma manifestação de carinho trivial.


Diogo Ramalho

terça-feira, 22 de outubro de 2013

A alegria em um lugar distante




A famosa alegria acena de um local distante,
O sorriso do personagem principal não é tão legal e nem um pouco elegante.
O sentimento é vulnerável
E as palavras fáceis inflamáveis.

E assim o mundo é tido como algo normal!

A alegria acenando um lindo tchau,
Todos mudos enquanto vai embora a felicidade.
Agora todos fingem,
Fingem,
Fingem,
Fingimento interminável...

E não importa quem reclama,
O importante é a falsa alegria que ninguém desbanca.
Os risos frouxos serão incontroláveis,
As gargalhadas intermináveis
Mas o choro vem no final,
E não há mais felicidade.

Não há mais mãos dadas,
Corrida ao vento e a grama alta.

Nada mais importa nesse instante,
A alegria continua a acenar de um lugar cada vez mais distante.
E o fingimento será indispensável,
A falsidade recomendável
E não se verá mais felicidade.

O engodo é quem manda,
Não há mais felicidade!

Se desespere,
Adeus a felicidade!


Diogo Ramalho



terça-feira, 15 de outubro de 2013

Morro



Não há como mandar
O coração escolhe seu alvo e não há como mudar.
Se a paixão é impossível
É só não se entregar.

Como se fosse fácil...

Esperar a porra do cupido outra moça vim flechar,
Porque a situação as vezes pede
Para que não se siga o que se sente,
Pois tudo está em uma suposta ordem
Que se perturbada pode libertar o caos
Em nosso meio supostamente tranquilo.

Um sentimento para sufocar,
Momento de sorrir,
Hora de acenar.

Lá no alto daquele morro
Enterrei novamente meu coração,
Não é castigo,
Mas para que ele aprenda a escolher melhor uma nova paixão.

Diogo Ramalho

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Mastigue bem os alimentos




O garfo vai repetidas vezes até a boca,
Os dentes processam rapidamente o alimento mandando pro estômago cheio de ácido,
Todos os dias,
Todas as refeições a mesma coisa.
Mas naquele dia a fome parecia inesgotáveis
E começa a devorar o alimento bem rápido,
E entra arroz,
Devora-se a carne,
Salada desce com facilidade,
Mas uma ingênua ervilha desliza suave pela garganta abaixo,
E cuidadosamente se aloja de forma confortável abaixo da faringe,
Entrando despreocupada pela porta da epiglote
E vem engasgo
E falta o ar
O rosto vermelho começa a causar temor nas pessoas envolta,
- Um Médico! grita uma mulher.
- Uma ambulância
E o homem sem socorro se entrega a ervilha que agora desce para suas entranhas,
Mas é tarde,
O estrago está formado
E uma inocente ervilha é culpada pela morte do coitado.




Diogo Ramalho

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

O negócio e a alma




Faz a ação,
Ela conta para a outra,
Que comenta com o namorado,
Que achando que é mentira conta para os amigos,
Que numa festa em um sábado qualquer vira boato.

Uma moça distraída escuta o boato e o passa a diante,
E um ato
Viram dois, três, quatro e por aí vai...

Soberano por conta de conversas passadas e repassadas,
Os convites chegam,
O vinho, a pele, o coito.
O coringa do baralho feminino,
O par quase perfeito,
O amigo.

Ele desconhece o que se espalha,
Apenas se surpreende com a excelente fase.
Não faz nada demais,
Apenas vive de forma reservada.

E a notícia se espalha,
Até o diga em que a fofoca acaba
E a vida acalma
Dando sossego para aquele que abraçou carinhosamente o desapego.



Diogo Ramalho

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

As revelações de Locke



Paredes lindamente decoradas,
Dá destaque as frases sujas feitas com bosta,
O cheiro fétido insulta o olfato
Como as frases insultam os olhos,
O Ego,
A alma.

Lenços unidos,
Formando a corrente que me tirará desse horror,
Tudo ao redor alegre,
Tudo de uma forma estranha,
Uma inversão do que se faz e do que se fez.

Visão embaçada faz com que as pessoas não vejam no que a humanidade se transformou.
Relações baseadas em vai e vem,
Somos fortes,
Mas o ódio parece que vai vencer.

Esqueçam não existo mais,
Esqueçam não somos tão especiais.

O pé vacila e está próxima a hora de se desligar,
Os olhos se viram
E já é difícil respirar.

Ar, Ar, Ar...

Falta ar, falta vida, falta amor...

Não sou o primeiro nem o ultimo que se entregou.

A parede linda tem uma catinga sem fim,
Apenas aos olhos é admirável,
Cheira...

Não pense,
Nem se arrependa,
Não queira melhorar...

Não queira!

Ouçam a velha canção,
Caos acompanhado de mentiras midiáticas,
Ouçam...

As vértebras cervicais se rompem.
Ar, ar ,ar...
Secção da medula espinhal,
Já não sinto nada,
Anestesia total,
O ar não entra
E o que está dentro sai...

Corpo sem sentido,
Mundo sem sentido,
Apegado e brigando por bobagens.

Escute,
Ar...
Escute...
Falta ar.

Corpo,
Buraco,
Terra na cara.
E o outro lado não é nada do que se esperava.


Diogo Ramalho





quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Doença


Os sintomas estão aí,
A mídia tenta fazer você não vê,
Mas não tem como não enxergar,
Furto da vida, do sossego,
Envenenando a alma que sufoca com o cheiro de maldade que impregna, nas pessoas, casas e prédios.

Sociedade doente,
Assistem à novela,
Acreditando nas baboseiras que o cara do jornal fala na tela.

Pessoas enlouquecem,
Sem motivo ou porque,
Filho fratricida,
Atirou para ver morrer,
Mães deprimidas,
Matam seus filhos para não vê-los sofrer.

A sociedade enlouquece em silêncio,
Arruinando a vida de seus eternos detentos.
Veja como é,
Não dá pra sair para outro sistema qualquer.

Estamos dentro e não há o lado de fora,
O parasita deve se autodestruir,
O mundo enfermo apenas espera a destruição do ser humano por inteiro.



Os sintomas estão aí,
As pessoas nas ruas
E o Estado oprimindo,
Cumprindo seu papel,
Protegendo a propriedade privada,
Enquanto o povo espera por melhoras
E vê seus direitos descendo pelo vaso depois da descarga.

Qual o remédio se somos nós o câncer?
Cortar a própria carne
E ver jorrar o sangue podre?

Os sintomas estão aí,
Difícil é não ver,
E essa doença para ser curada
Vai necessário um fim para eu e para você.


O mundo bem como nunca esteve.


Diogo Ramalho

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Ainda há




Nada mais resta de mim,
Não há nada para se falar,
Preocupa-me apenas uma música e um baseado,
E o mundo se esgueira por debaixo dos automóveis estacionados nas estrelas.

O amor realmente sem fim,
O cheiro a agradar,
E as pessoas com seus pertences guardados,
Teia!
Armadilha,
Pensamentos castrados.

Não se pode mais amar,
Acendo mais um baseado,
O mundo me quer calado
E aos que apenas enxergam deixo minha voz,
Minha canção.

Devoram meu coração,
Sorvendo dele o amor,
Perigo pouco é bobagem.

Devoram meu coração,
Aplicam-lhe uma injeção
E anestesia a depressão
E o vazio invade.

Outros como eu virão
E não haverá
Como subjuga-lo,
Versos mostrando a verdade.

Não vão derrubar a casca,
Vou para a batalha,
Não vou me vender por ilusão.

Vou espalhar os restos de sentimento que transbordam em meu coração.
Os homens e seus meios,
Nenhum irá conseguir
Vim até onde cheguei,
Só pode chegar
Os que têm no coração a nobreza de um rei.


Ainda há amor!


Diogo Ramalho


sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Bobagens


Foi naquele instante em que te vi sair pela porta que me apaixonei,
Sua figura bela e imponente,
Cabelos levemente balançando ao vento
E um caminhar despretensioso que me hipnotiza com suas ancas indo para lá e para cá.
Foi naquele instante,
Quase surreal.
No instante que seus olhos cruzaram os meus e um sorriso indecifrável surgiu em sua face doce.
O mundo ao meu redor desaba
E há apenas uma preocupação,
Só quero você!

Foi no instante em que te vi ao meu lado,
Conversas amenas e o cigarro nos lábios
E eu fingindo não está com coração apertado,
Feliz apenas por está ali,
Extasiado!

Foi no instante que me encontrei apaixonado
Que tive de fingir,
Pois o amor é forte e tudo que sinto tenho de dividir,
Antes que a inveja e pessoas negativas resolvam destruir tudo que eu resolvi sentir.

Foi naquele instante,
Há poucos meses,
Foi naquele instante,
Há vários anos.
Foi naquele dia...
Que eu nem te conto!

Queria chegar à porta de tua casa e bater palmas
E quando você aparecer te dizer: Vem! E assim nos perdemos
Sem nos preocuparmos com ninguém,
Pois por um tempo ínfimo me sinto amado.
O palpitar cada vez mais acelerado.

Há se fosses minha
Eu te entregaria tudo que aqui dentro palpita,
E reviraria sua vida com versos, trovas e rimas.

Foi naquele instante,
Que sozinha
Chorou ao ser tocada,
Foi ali que entendi a força da palavra
E me vi apaixonado.

Seu rosto,
Seus seios,
Seus lábios,
Seu gosto...


Um coração poderoso,
Dono de uma fúria incontrolável,
A minha rainha dos descontentes
E sentes, eu sinto,
O sentimento que apenas nós entendemos.
Sem receio,
Alheio.


Disfarço para não perturbar o meio
E assim sigo amando,
Pois esse é meu maior desejo.

Foi naquele instante,
É toda vez que te vejo,
O sentimento renovado
E a saudade de seus beijos.



Diogo Ramalho

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Pulo no vão




O que aconteceu com o meu reflexo?
Já não o reconheço,
Será que sou o monstro que apontam e apenas eu não vejo?
Um anônimo triste e sozinho,
Mendigando pelas ruas qualquer tipo de carinho.

Não há coração que me carregue,
Minha melhor lembrança é uma foto que foi roubada.
Já não pulo alegre por sua aparição e
Minha felicidade é tão frágil que um vento forte,
A levará longe.

Vivo na eterna despedida,
Pessoas que mal chegam já estão de partida
E meu coração aflito apenas pede para não sofrer mais por ninguém,
Já não suporta mais palavras de adeus.

Não suportando a tortura das manhãs,
Um dia a mais para pensar em você,
Um dia a mais para se esquecer.

O carrasco que o futuro dará cabo antes de eu perecer,
A intrigante curiosidade daquele que não quer mais viver,
Se entregar e vencer,
A vida que não faz questão de ter.

Caminha sozinho,
Com seus ruidosos passos noturnos,
Ao encontro da dama de ossos,
Que espera com satisfação
Aquele que se entorpeceu de sentimentos como se fosse ópio.

Ele a encontra e abraçados
Caminham para o outro lado,
O sorriso no rosto revela,
Que o mundo não era o que se esperava,
Sempre destruindo os sonhos daqueles que de alguma forma prospera.

Com minha nova dama sou todos sorrisos
E nunca mais ficarei só,
Amante de minha dama, meu algoz.


Diogo Ramalho


Tudo é felicidade




E ele não viu,
Quando percebeu-a estava ali,
Linda,
Como a inspiração que sempre esperava,
A surpresa que não aguardava
E ela embriagou-se dele
E ele sorveu todo o desejo dela.

Minha branca encantadora,
Que nosso enlace seja duradouro
E que seja eu melhor que os versos que dedico agora a ti.

Envolve-nos a densa fumaça branca que relaxa as tensões,
Enquanto rimos
E aumenta a freqüência e altura dos gemidos.

O poeta viu,
As estrelas nos seus olhos,
O afeto de sua alma.

Conto pintas como quem aponta o céu,
Sem preocupar-se em nascerem verrugas.
O que quero é ser sempre, sempre melhor de agora em diante,
O amor batendo na porta
E todos correndo para atender a enorme felicidade.

O poeta achou a sua pequena vibrante,
Aquela que será a musa admirável
E assim teremos mais versos, rimas e tal,
Só muita felicidade.

Ela é felicidade,
Ele é felicidade,
Felicidade a todo instante!


Diogo Ramalho


sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Ahab Fry ou From hell



A noite escura e sem lua,
O vento frio a soprar,
O uivo triste dos cães
É a canção sem refrões
Que toca ao fundo.

Morre a noite mais uma vez
E surge a luz do astro rei.
Escuridão,
Necessito.
Escondo-me do dia
Como o diabo da cruz
E jorro-me pelas ruas a noite
Como uma ferida a derramar pus.

Espreito, persigo e devoro
E as lâmpadas falhas acobertam minha fuga.
Noite após noite,
Sangue, horror e fome saciada.
A noite somos demônios a solta
E deus é a piada.


Vôo por sobre as casas,
Piso leve como uma pluma
E sigo como uma sombra a donzela nervosa.
Um passo...
Dois passos...
E no terceiro já estou alimentado.

Em minha arrastada vida
Não há novidades
E quando entediado
Ataco por perto,
E os imbecis mortais apavorados perseguem-me,
O demônio alado que para não ser capturado muda de ares
E em outros lugares sofrem as mães
Por seus bebês devorados.




Diogo Ramalho

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Era outra vez...



Era outra vez...
...Um poeta triste,
Que ainda achava não haver versos mais dolorosos que os seus,
Mas às vezes ele escrevia versos alegrinhos.
O motivo de ainda possuir tristeza era uma nova moça alva,
E por ela: Amou, escreveu e disse um adeus,
Quase como um até breve.

Resolveu o poeta então perambular pela floresta dos desejos mundanos,
Etilicamente nem se distraia mais
E a erva continuava a lhe abrir as portas da percepção.
E continuava impaciente o coração poético.
Um coro de uma infinidade de gente grita:
Distração pra alma é outra paixão
E volta o poeta a sua saga de beijos e corpos,
Mas o amor que conhecerá é o que almejava.
Mais não podia prová-lo
E assim seguia a sina
De viver sozinho e amando afastado.



Diogo Ramalho

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Poesia para poesia



A poesia me alivia,
Todas as dores e mágoas ela anestesia.
O céu me abençoa
E a casa não é mais fria,
Os versos me enchem a alma de vida,
É isso que me propicia a poesia,
Cura cicatrizes as rimas que brotam da mente efervescente
E aos poucos evolui o espírito,
Expurga o que contamina.

Versos tranqüilizadores,
Verbos antidepressivos,
Essa é minha poesia,
Que vem forte,
Vibrante e cheia de energia,
Que faz-me erguer
E enfrentar mais um maravilhoso e estranho dia.



Diogo Ramalho

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Ciclo viciante de inspiração



Gostaria que não existisse o intervalo do salto,
Que ao pular instantaneamente já me encontre lá embaixo,
Um instante de dor
E depois o silêncio.

Que meu espírito ludibriasse a morte 
E ficasse a vagar sem sentido
Ficando longe da decisão,
Fuga do julgamento pelo onipresente deus cristão.

Só quero que não ajam normas repressoras
Que nos molda como estúpidas figuras conservadoras,
Existindo pela necessidade de está vivo,
Se sentir vivo.

De ser regido pela simplória necessidade de exprimir o que se sente.
Valorização do emocional em um mundo que se mostra carente de forma crônica.

Empatia,
Empatia.

Reconhecendo-se naquele que até outro dia não existia.
Eu não quero ter a sensação da queda,
O chão crescendo lá embaixo
E eu seguindo em linha reta,
O vento forte, o corpo leve sem pára-quedas,
Frustrado pela forma que a sociedade opera.

Som seco,
Baque forte,
Jorram...

Um Instante de dor
E depois o silêncio.


Diogo Ramalho

Poesia inspirada na poesia feita pela Sueli Martins, que se inspirou  ao ler este blog. 
Assim nada melhor do que esses versos terem o nome de Ciclo viciante de inspiração.



quarta-feira, 11 de setembro de 2013

A pedra



A pedra que foi,
Voltou,
Voltou, voltou...

A pedra que foi,
Voltou, voltou...

 A pedra que foi,
Voltou,
Acertando em cheio a cabeça do idiota que a arremessou.

Jogou em ângulo reto,
Para cima,
Direto.

Descendo na mesma velocidade que foi,
E o imbecil espera,
O retorno da pedra.

A pedra que foi,
Voltou,
Voltou, voltou...

A pedra que foi,
Voltou, voltou...



Diogo Ramalho

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Dual


Afasto-me,
Dou dois passos para trás e deixo que a vida siga seu curso,
Pulo fora por não suportar a amorosa convivência.
É a presença,
O abraço
Nem precisa ser recíproco para eu embargar a voz.

Afasto-me,
Como que cortando a própria carne,
Uma paixão impedida por um impasse.
Quero está lá
E ela seria meu céu,
Mas meu desejo infantil
Não encontra estrada para trilhar.

Afasto-me,
Para que longe não precise nutrir sentimento,
Infelizmente a vida é assim
E eu só sigo o rumo que ela dita,
Algo triste ao passar comigo se esbarra.

Afasto-me,
Pois minha visão do mundo não é tão clara,
Não quero acordar pra realidade com um tapa na cara.
Protela,
Pois tudo que sinto não compartilho,
Não há o que falar, pois a palavra na garganta entala.

Afasto-me de você,
Não há fotografias para recordar,
Evito os seus olhos,
Para não lhe contar a verdade,
E ao perguntar-me sobre o que passa,
Digo: Só estou cansado!

Em meu peito
Dói a inexplicável necessidade de ser feliz.
Abriu-se as cortinas do universo
E ele não conspira para mim,
Hoje fico vermelho
E não sei por quê.


Afasto-me...
Afasto-me de você...
Forte como um diabo tento mentir,
Mas minha boca não ousa dizer
Que eu amo você!
Eu amo você!
Eu amo!!!



Diogo Ramalho

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Todos só querem sexo



Sexo...
Sem compromisso,
Sentimento é algo reprimido.
Coito só pra distrair,
Falar em sentimento
É algo que não pode existir.
Assusta,          
Essa é a reação,
De qualquer envolvimento que se torna relação.

Sexo é complemento,
É bom, super gostoso,
Mas o que vale mais é o momento.

Sexo...
Não é o principal,
É algo instintivo,
Não diferindo do animal.

Desvalorização do ato nobre de sentir,
Coito só por distração,
Não importa a necessidade que envolve o coração.

Sexo...
Coito...
Foda...
Trepada...
O nome não importa se a relação não vale nada.


Diogo Ramalho


quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Conversa de vagabundo




Se eu pudesse encontrar
Um lugar onde minha poesia fizesse todo o sentido,
Onde todos gritassem a plenos pulmões o amor reprimido.

Tentam subverter minha ordem natural,
Injetando no meu espírito falsas necessidades
E distraindo-me das verdadeiras prioridades.
Não vivo sem meus versos,
Espalhar fragmentos do que sou
É meu papel nessa caótica obra existencial.

O capital rejeita o emocional,
O capital nos quer único, individual.
O capital não gosta de poesia,
O capital não quer versos.

Ele quer verba,
Baixos custos,
Grandes lucros.

Vivo em função de minha essência poética
E qualquer coisa que me desvirtue do que tenho de melhor,
Me deixa deprimido,
Sem sentido,
Desnorteado.

Sou dependente da minha veia poética
E circula forte o sangue versado,
O capital não quer versos.

O capital não quer versos
E sem meus versos o poeta rejeita a vida.




Diogo Ramalho

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Perdendo Espaço



O cerrado perde espaço para o asfalto,
Árvores derrubadas para passagem de cavalos de aço.
O cerrado perde espaço para o asfalto,
E sua resistência é um grito abafado em um espaço reservado.
O progresso vem chegando de mansinho,
Pedindo espaço e devorando vidas,
Um Bioma inteiro a ser degradado.
E ainda dizem por aí que somos civilizados.


O cerrado perde cada vez mais espaço
E suas belezas são memórias distantes
Em velhos cartões postais.
Espaço, espaço, não é somente nós que precisamos de espaço,
Não há ser vivo que consiga viver enclausurado.


O cerrado anda perdendo espaço.
Para o asfalto,
Depois de irmos embora, plantas romperão o asfalto,
A terra livre
E nos não precisaremos de sapatos.
Mas o problema é que agora,
O cerrado perde espaço para o asfalto.


Diogo Ramalho

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Suave na nave



Se eu fosse louco como dizem por aí
Com você eu fugiria
E deixaria para trás as conseqüências de minha sentimental anarquia .

Se eu fosse louco realmente,
Não resistiria a sua delirante presença
E sem me importar lhe beijaria com toda devoção de meu corpo e entrega da minha alma.

Se eu fosse louco,
Só se eu fosse...


Se eu fosse louco,
Te contaria que ao te ver violinos reverberam em minha cabeça
E ao dormir sempre dou uma boa noite para o anjo mais lindo que sempre me acompanha.

Se eu fosse louco faria da minha vida uma extensão da sua
E viveríamos a felicidade um do outro em anexo.
Mas só se eu fosse louco...


Se eu fosse louco,
Eu queria tudo de novo,
Minhas mãos, sua boca e o nosso espírito aventureiro.

Como queria ser louco,
Teria vinte duas desculpas para explicar a situação,
Palavras que não farão sentido,
Mas que são partes desconexas de minha versão.
Não sabendo se meu julgamento é algo são.

Pessoas comuns se dizem normais,
Mas são loucas,
Todos preocupados com dinheiro, status, acessórios e roupas.

Que eu seja louco,
Que eu seja,
Se fosse louco com você eu fugiria.
Fugiria e te mostraria o meu universo,
Minha louca alegria.

Se eu fosse louco...

Diogo Ramalho


quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Pés de Princesa




Os pés dela são pequenos...
Pequenos...
Delicados, todo lindo dentro do salto,
Muitas vezes liberto,
Controlo-me para não apalpá-los
Em uma prolongada massagem.

Fico imaginando como seria sensacional colocar calmamente
Em seus pés um sapatinho de cristal.
Lindas pintinhas que esconde-se na sola de seu pé,
Descobrir seu sinal peculiar é como descobrir um segredo.
Pés de fada,
Parece pisar com zelo,
Como se o chão não sentisse o peso de seu formoso corpo.

Os pés dela são pequenos...
Tão lindos,
Lembro-me de ver outro assim só quando menino
E com princesas sonhava.
Ao adultecer vejo de forma real,
Pés lindos,
Perfeitos,
Ao alcance dos dedos,
Pés que desejo como um troféu.
Sustentando as curvas e beleza de uma verdadeira princesa,
Que com seu  sorriso desmonta o mundo
E me faz esquecer a tristeza.

Os pés dela são pequenos
E encanta-me a idéia de tocá-los,
Bem suave,
Pois os mesmo se mostram tão delicados.
Não sou nenhum príncipe encantado,
Mas deste verme sou rival
E de forma discreta e leal,
Oferto-lhe e calço-lhe o mais belo sapatinho de cristal.


Diogo Ramalho


quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Se


Se ela pedisse,
Eu seria bem mais,
Invadiria sua vida
E mostraria o amor negado aos mortais.
Se ela pedisse eu a quereria bem mais,
Mas o mundo e as diferenças sussurram em meus ouvidos:
Jamais!


Se fosse eu um louco,
Não resistiria mais,
Te roubaria o coração
E te apresentaria para meus pais.

Mais amor eu te daria,
Sempre versos,
Uma vida feito poesia.

Se ela quisesse,
Eu encontraria a paz
E da esbórnia o boêmio sai,
Sossego para quem já não sabe o que faz.

Corpo e mente leves,
No intento de que a brisa passe
E o vento sopre o mal e a inveja
E que nossa junção seja eterna.

Se ela pedisse,
Eu estaria lá,
Sempre ao seu lado para quando precisar.

Se ela quisesse, Se ela quisesse...

Nosso mundo seria completo
E o amor teria terreno fértil
E seriamos somente amor,
Se ela quisesse...



Diogo Ramalho

Cordas e galhos



Esquece tudo que te joga para trás,
Quero apenas começar outra vez,
O que não sabemos o destino nos mostra,
Na cara, como um cartaz.

Só quero tudo outra vez,
Os lábios devorando lábios
E a mente não pensa mais.

E os dias passam
E acredito que ressuscitarei
O infartado amor outra vez.
Invades meu pensar todos os dias do mês,
Tomando posse do coração
Que clama por tudo,
Mais uma, duas, três, três mil vezes.

Um balão enfeita o céu quando o sol se vai,
Carros depressa, com pessoas a se preocupar.
O sossego me rasga o peito e me ensina a viver.
O que foi ficou!
A brisa leve que ao passar do tempo em uma tempestade se transformou.

Um filme mudo passando diante do nosso sonhar,
Sorriso acanhado
E uma gota do mar escorre do meu olhar.

Transeuntes andando,
Todos cantando sua dor,
Eu sou feliz mais uma vez,
Pessoas e pedras a se encontrar.
Lendas e histórias a se confirmar.

O príncipe encantado se preparando para se enforcar.

Diogo Ramalho


segunda-feira, 26 de agosto de 2013

As possibilidades de meus versos



Versos para a musa que inspira,
Depois beijos e versos recompensados,
Mas isso é uma mentira.
Não é assim comigo.
Não há a quem deixar meu legado,
Garranchos em papeis amarelados,
Devorado por formigas,
Ou traças,
Ou formigas e traças, junto com cupins.

Pedacinhos pequenos,
Com carinho recortado pelas presas dos insetos,
Um verso,
Uma estrofe,
Uma folha inteira.

Não importa,
Já que nunca poderei entregar-me,
E o erro foi meu mais uma vez.

Sou só sonhos,
Vivo um sonho,
Mas tenho sonhado um sonho que me é estranho,
Um sonho que não me pertence.

Versos,
Meus versos,
Sem musa é impossível,
Como escrever um livro sem verbos.
Cadê a musa de meus versos?
Cadê aquela que só de ouvir a voz,
Meu coração salta no peito,
Que me faz ouvir uma canção suave,
Que é tão presente em meus pensamentos de fim de tarde
Que ela quase se materializa.


Sigo a escrever sobre aquela,
Que existe apenas nos meus mais singelos rabiscos poéticos,
Sem esperar,
Pois o tempo nos consome no fardo da espera,
E há em meu espírito uma centelha que
Traz-me esperanças e descarta velhas idéias.

Sou o sonho de todos os Romeus perdidos,
A flauta doce que toca fantasias em Fá sustenido.
O sorriso discreto para a dona de meus versos mais bem escritos.

Sem musa é impossível...
E no meu peito o amor invade,
Enchendo minha alma e se libertando através de um grito,
Que insulta os ouvidos daqueles que vêem o amor como algo a ser reprimido.

Sem musa é impossível...
Impossível...



Diogo Ramalho

sábado, 24 de agosto de 2013

O mensageiro de Satã


Minha mentira sempre foi sincera e correta,
Enquanto meus atos erram sem pudor.
Minhas atenções eram somente para você,
E seus sentimentos voavam por entre as grades da janela.

Aviões sobrevoam meus sonhos,
Aterrorizando meu mundo de fantasias,
Inevitavelmente se transformam em pesadelo,
Me atormentando as idéias e o juízo.

Fui desprovido de toda minha paciência,
Leprosos lavam suas feridas com a água fétida do grande rio,
Sendo observado por sua nova comparsa.
Algo sombrio e tenebroso envolve meu coração.

Dedicando meu tempo para absorver
Um conhecimento maligno e traiçoeiro,
Para uso amoroso e paranóico,
Todos tramam nas minhas costas.

Conspirações? Não!
Conspiração,
Apenas uma grande conspiração.
Aproveito para admirar tulipas...

Admirável mundo...
Já dizia o Senhor Selvagem
E eu tomando suas palavras repito e completo,
Em alto e bom som:
Admirável mundo...
Admirável mundo novo...

16/06/2009


Diogo Ramalho  


Soldado leal



O mundo se torna pequeno quando
A caminhada é feita pela motivação.
Quando se caminha na direção do sol
Atravessamos desertos e lagos.

A morte espreita os viajantes
E recruta os melhores para engrossar
As fileiras de seu exército
Dando ensinamentos e percepções antes desconhecidas.

Voei por entre serras e casas,
Dei ordem aos meus subordinados
E obedeci minha dama ceifadora.

Na próxima curva ela pode está à espera,
Ela ou um de seus leais soldados.
Tremei filho das escrituras.

Pois em seu encalço há um exército
Pronto para abatê-lo.
Nesse mundo irá ficar o vazio de sua presença,
Sorte para um,
Azar para outros.

Uma caçada ao animal humano,
Em plena luz do dia,
Pelo vale das almas pobres.
...Caminhada longa,
Parece curta quando se faz sem medos
E cheio de desejos.

Não me deram escolhas,
Sem opções
Fiz o que minha dama quis,
Mais uma alma enviada para o Tártaro .

Condenado pela eternidade a levar uma pedra ladeira acima,
Apenas para apreciar a mesma rolar morro abaixo,
Vigiado pelos olhos alertas da Fúria,
Que com chicote em punho observa os condenados
Do alto de sua torre.

Fui instrumento de minha dama,
Fui o herege que rasgou as páginas do livro.
Um soldado nunca pode dormir,
E espero o dia em que o sangue de meus inimigos
Nutra o chão com sua cor rubra.

Hoje já não posso mais voar.

14/07/2009


Diogo Ramalho

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Sobriedade vá embora




Já faz algum tempo que a realidade já não me é atraente
E devido a isso sempre procuro meios para não está sóbrio.
Todos tentando me convencer do contrário,
Que tudo está do jeito que deveria ser,
Bom e belo.

Tudo que faz do mundo um bom lugar está longe dos seres humanos,
Viver em comunidade é se matar em pequenas doses.

Já faz algum tempo que as pessoas não me são atraentes,
Todos cheios de opiniões e críticas,
Nada de benéfico nas relações.
O interesse pessoal move o mundo,
Mas o discurso é sempre pelo bem maior ,
Tudo em prol do coletivo, mas nas ações acaba
Objetivando apenas o próprio umbigo.

Já faz algum tempo...
Como faz para sair desse sistema?
Pular fora dessa ordem social,
Onde as pessoas economicamente ativas são os pseudos-protagonistas.

Já faz algum tempo...
Ouço vozes que ecoam
E a frase que me dizem é apenas uma:
“É tudo mentira”! Tudo.
Vivo uma realidade que não foi construída por mim
E meus algozes tentam me fazer crer que sim,
Mas continua sendo tudo mentira.

Já faz algum tempo...
Que a sobriedade não me atrai
E a realidade tem estado cada vez mais distante.
No alto do mais alto prédio está empoleirada minha loucura,
Lá do alto ela grita amores e palavrões,
Pisando na beira,
Olhando audaciosamente para baixo,
Até que em um dado momento
O espaço vazio entre o alto e o chão se torna atraente
E no fim o que resta é a entrega.

Já faz algum tempo...



Diogo Ramalho