terça-feira, 27 de abril de 2010

Romper


Quando tudo parece perdido,
Vejo-me novamente de pé,
Como se estivesse novo,
De novo.
Não tenho tempo para pensamentos ruins
Ou para apego desnecessário.
Aprendi que o problema nunca é o que parece,
Pessoas se preocupam com minúsculas coisas
E isso não é bom,
E isso não faz bem...
Ergo-me,
Bato a poeira de minha roupa,
Dou passos adiante e acendo o meu bom cigarro,
A alma pronta,
Lavada.
Despreocupado rejeito tudo que me ofertam
De má vontade,
Absorvendo apenas o bom...
Ei...
Amigos,
Estou de volta!
Mais não se engane o poeta que pegou o caminho
Triste não é o mesmo que voltou de lá.
Tudo muda
E até os poetas tem o direito de não estarem eternamente tristes.


Diogo Ramalho

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Bateu asas e voou...


Em um futuro pós apocalíptico,
Brasília vazia,
Sob o céu do cerrado,
Cansada do concreto.
Se transforma em borboleta,
Bate as asas e sai voando.


Diogo Ramalho

domingo, 18 de abril de 2010

Sem choro, nem vela




Desejos são atendidos,
O problema é que não se sabe a quem agradecer,
Não serei eu um rancoroso que fará da vingança uma forma de aceitação.
Sei de teus segredos,
Mas não sou a melhor das pessoas para cobrar perfeição.
Nos dias anteriores percebi o quanto faltava para o fim.
Pressinto que tudo não passa de uma rápida despedida, sem choro, nem velas apenas o pó de algo que um dia foi vida, foi sentimento.
Não quero choro, apenas um sorriso e uma boa lembrança.


Diogo Ramalho

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Tentativa


Não me diga que nunca tentei dizer adeus,
Faço tentativas 24 horas por dia,
Mas a cada porta que abro vejo pedaços seus
Se esgueirando por entre as tábuas de minha cama.
A tentativa frustrada de fugir me corta a carne a cada passo em falso que dou.
A lâmina quente e afiada disseca minha pele
E a expõe como peça rara em sua sala de estar.
Nada é pior do que se sentir incapaz,
Do que ter a sorte nas mãos e entregar ao primeiro inútil que aparecer.
Tenho andado cabisbaixo e diariamente embriagado
E no alto de minha embriaguez vejo um falso senso de direção que me induz ao erro,
Venho insistentemente errando e dissolvendo
O amor que sentem por mim em copos de destilados.
Perguntam-me se sou feliz,
A felicidade não escreve poesias ou versos,
A tristeza sim!
Essa escreve com maestria e perfeição.
Espero que nunca me digas que nunca tentei dizer adeus,
Tentei e continuo tentando e sentindo a lâmina cortar a carne.
Nunca pedi tanto para que minha vida fosse levada pelo ceifador, para que tudo isso tivesse um fim.
Para que eu nunca mais pudesse acordar.

Diogo Ramalho

quarta-feira, 14 de abril de 2010

O Ódio é mais profundo que a Raiva


Lembranças antes boas atormentam minha mente,
Tento fugir dessa solidão que aplaca meu coração.
Nutrindo um ódio que desconheço,
Chega de tanto sentimento brincando comigo,
Nunca acredito que tudo será igual,
E isso eu não quero mais...
O amor saiu do meu caminho me apresentando
Outra alternativa.
Conseguindo apenas entregar ódio,
Que consome meu equilíbrio interno,
Gerando uma mágoa crônica.
Confesso...
Odeio-te
Com todas as minhas forças,
Como quem repudia o que não faz bem.
Odeio-te
E insisto em nutrir isso em mim.
Odeio-te
E não sabes,
Odeio-te
E me sorri.
Isso me dói...
Me consome e faz com que esquecer não seja tão dolorido.
Entorpecer é quase que necessário para essa descontaminação,
Esquecer esse amor sem cura que me deixa doente
E é por isso que esforço-me tanto em te odiar.
Com uma garrafa de vinho e vários amigos imaginários
Brindo a tua ausência,
Brindo a tua infelicidade
E rogo para que algum suposto deus lhe ofereça uma morte
Cruel e lenta.
Para que eu possa viver em paz...
Sem precisar nutrir tanto ódio
Por alguém que
Não pode falar mais nada.


Don Diogo Ramalho