domingo, 27 de dezembro de 2009

Um começo sem educação


Fins de tardes recentemente são felizes,
O ato de observar nunca me deixou tão bem.
De tanto querer, meu sentir começa a criar raízes,
Dedos rápidos, sons pesados que me envolvem.

Nasce um, morre o outro,
Mas velhas feridas nunca fecham por completo.
- Esquece maldito!

Apago cada vez mais rápido o amor que tive,
Agora me agarro a um amor redentor.
Sou laçado por suas quatro cordas.
Mais será se devo?
Quem não arrisca fica chupando dedo.

Nada de replay,
Muito menos continuação,
Queimem os rolos de filme,
Começo um novo filme.

Minhas tardes serão eternamente felizes.


Diogo Ramalho

domingo, 27 de setembro de 2009

Adultecer


Onde escondemos a vontade insaciável de sermos um só?
Nossas bocas se perderam na escuridão do quarto,
Quando de repente se encontram se entregam a um beijo sofrido e sem vontade.
Em meu peito uma dor aguda se faz sentir.
Sobram perguntas,
Mas hoje em dia as respostas andam tão escassas.
Busca incessante por sentimentos novos,
“Isto fica feliz em ser útil!”
No meio da tempestade surge um furacão,
Que revira minha vida e meus pensamentos,
Ando a reparar as atenções que tem para com os outros,
Mas o que me deixa maravilhado é viver um dia após o outro,
Observando assim a roda do tempo que insiste em girar.

Sou fruto de nossa história,
O raiar do dia me vem como o trinar de todas as aves invernais,
Me lembrando que acordo solitário mais uma vez.
Ando me acostumando a viver sozinho,
Saudade eu sinto,
Mas não há forma de matar essa dor que me invade o coração.

Nos perdemos nos caminhos tortuosos do adultecer,
Encontrando vários habitantes de diversos umbrais,
Aos poucos sei que meu corpo se acostumará com as feridas que eu abri,
Não se incomode com meus pés,
Não vou esperar por tanto tempo,
Meus pés não farão calos na minha nova caminhada.

Onde escondemos?
Onde?
Não sei,
Você talvez não saiba também.

E assim ficamos cada um caminhando sozinho,
E o rio segue sua jornada,
Derramando suas lágrimas no mar,
Eu sem seguir o exemplo enxugo meu pranto aos pés do mar.
Morto!



Don Diogo Ramalho

Cabresto do cão


Abrir os olhos e pensar por vontade própria,
Levantar e olhar a cama meio desarrumada,
Um quarto quase vazio,
Um sonho quase real,
Uma cadela no cio,
Um encanto mais que sexual.

Matando minhas esperanças,
Uma forca feita de rendinhas.
Largo o último fio de esperança
E me jogo no caos da realidade.

Um coração palpitante
Não chama mais por seu nome,
Ele agora entoa sambas tristes
E pianinho.

Largo meus planos,
Meu mundo,
Minha vida e me mudo para dentro de um tal Diogo.

Explorar os pensamentos escorregadios de um poeta sem fé,
Perdendo a confiança no amor e nos amigos de longa data.

Cortando o fio que me mantém vivo,
Cortando o fio da historia
Cortando o fio de ligação.

Ressentimentos?
Claro,
Meus sentimentos ruins nunca estiveram tão latentes
E isso me dá medo.

Uma gota negra mancha meu coração.



Don Diogo Ramalho

sexta-feira, 20 de março de 2009

Ganja Airline



E na correria cotidiana,
Vem em mim uma necessidade de não ser eu.
Expandir os horizontes e viajar pela mente,
Da pequena abertura vejo a maquete
Do mundo real.
As pessoas não cessam suas falas,
Ouvir é quase proibido,
Um potencial jogado no lixo.
Marchando ao lado de nuvens de guerra,
O dito grande invento desvia da fúria celeste,
Um inseto fugindo do homem que mata insetos,
Me pego preso em meus pensamentos
E sussurros de orações são escutados.
Pessoas medíocres que precisam da dor,
O sacolejo é rotineiro e não me matando
Me tornará mais forte.
Medo sem motivo é perder antes de tentar,
Pisco os olhos e me vejo sentado confortavelmente,
Uma fome sem fim e uma linda moça a me oferecer amendoim.
Calor, urubus acompanhando seus irmãos bípedes,
Portinholas, calor infernal, zunido no ouvido
E um sorriso falso com desejos de felicidade.


Diogo Ramalho

terça-feira, 17 de março de 2009

Sonhos de uma noite em São Sebastião




Abre-se a cortina e o grande senhor das ilusões aparece diante de sua platéia extasiada de olhinhos brilhantes.
O hipnotizador chama alguém da platéia:
- Um rapaz por favor!
Um corajoso voluntário levanta e caminha em direção ao palco onde o senhor das ilusões o espera com uma cadeira dessas de bar vagabundo,
O rapaz fecha os olhos e espera as ordens do hipnotizador, ele respira fundo e obedece às ordens, de repente diante de seus olhos surge uma jovem muito bela, com uma voz angelical sussurrando em seus ouvidos dizendo que o ama,
Ela o chama para entrar em sua vida e ela fazer parte da vida dele.
Os dois vivem anos e anos juntos em um amor perfeito,
A vida que ele sonhava,
Até que em um belo dia, sua amada ao lado direito da cama o beija com fervor e dos seus lábios corre um fio de sangue e aos poucos ela vai sumindo diante de seus olhos,
Seu quarto, seus filhos, seu amor,
Tudo é drenado pelo nada e um som é ouvido ao longe e sua amada de mãos estendidas tentando alcançar a suas,
Ela some e tudo em volta também,
De repente como ressuscitado dos mortos ele abre os olhos.
Há diante de si uma enorme platéia que o aplaude com fervor, tudo não passará de um sonho, uma ilusão, e o maldito hipnotizador o encara com um sorriso no rosto e dá boas vindas ao mundo real.
Seus olhos marejados encaram toda a platéia e aos poucos tudo vai se arrumando em sua cabeça
E o sonho vai se tornando fumaça,
Na sua cabeça tudo normal,
Mas em seu coração ficou algo que insiste em incomodar e só há de parar quando tudo que existe acabar ao seu redor.
Seja você também bem vindo ao maldito mundo real.

Diogo Ramalho

Conversas sentidas sem sentidos, acabam dando sentidos as coisas que sentimos!


FINAL DO MEU LIVRO!
Em breve você vê o começo!

quarta-feira, 4 de março de 2009

Plantão e veias


A travessia do ser humano por dentro da própria mente
É arriscado e imprevisível,
Não há quem nos guiar,
Nem passos a seguir,
Apenas tentativas acertadas ou não.
Borboletas voam em todas as direções
Confundindo quem ainda não sabe voar,
Meu corpo de lagarta não para de se arrastar.
Os reflexos no teto confundem – me,
Falsas luzes no fim de túneis de pedra,
Enganam-me
E quando se chega à falsa luz,
Não se sabe o que é.
Após quedas e feridas nos pés,
Acho o frio caminho para minha
Verdadeira consciência.
Assim sendo eu o senhor
De minha vida.


Diogo Ramalho

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Rosas


Rosas!

Uma bela obra da natureza.

O Homem também criou sua rosa,

A Rosa da morte e da dor.

A rosa que pulveriza e destroem.

Nunca mais se viu a rosa

Do Homem,mas sua presença é latente

E suas sementes estão espalhadas e prontas,

Prontas para brotar e matar.

E nos estamos à mercê

Dos loucos e seus botões nucleares

E suas guerras.

Mais haverá o dia que a natureza

Plantará suas rosas nos corações

Dos Homens que fazem as guerras.



Diogo Ramalho

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Poema do amor efêmero


As vidas que hoje se unem em amor dito eterno,

Amanhã estarão separadas

E mal dizendo da sorte que tiveram,

Entao com uma vida mediocre

E um emprego vagabundo e meia dúzia de filhos catarrentos.

Quando chegar no fim da vida em uma cama de hospital,

Terás amaldiçoado todos o cavaleiros andantes das fábulas ouvidas na infância;

E então poderá morrer e descobrir que o verdadeiro amor nunca existiu.


Diogo Ramaho

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Estudantes na via



Carros passam,
A vida segue,
Soldados marcham,
Estudantes manifestam.
As aves seguem seu rumo,
Trabalhadores voltam para suas casas,
Soldados se exaltam,
Estudantes lutam pelos trabalhadores
Que voltam para suas casas.
Carros param no sinal,
Estudantes fecham a via,
Os poderosos tapam os olhos.
E os soldados?
Os soldados agrediam os estudantes da via.
Estudantes correm,
Carros se movem.
E os soldados?
Agrediam os estudantes.
As aves voavam,
Pedras voavam,
Soldados caiam.
Estudantes manifestam.
E os trabalhadores?
Voltam para suas casas.
Diogo Ramalho

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Mais fácil você



Por ti não me calo,

Piso em caco de vidro

E uso coroa de espinho.

Por ti sigo o caminho do Inferno,

Cometo sacrilégios,

Peço o abraço da Morte.

Por ti enfrento um batalhão,

Pego projéteis com as mãos,

E até me prego na cruz.

Por ti enfrento Deus,

Mato o Diabo

E castro os anjos.

Por ti arranco meu coração,

Coloco em vossas mãos

A forma física do meu amor.

Tudo isso por ti.

Diogo Ramalho

domingo, 1 de fevereiro de 2009


Quem puder me diga o que é esse pontinho e a importância dele para mim!

Sentimentos que ainda tenho

Sou possuidor de um coração pequeno
E por ser tão pequeno não cabe nele tudo que sinto,
Por isso me reprimo e sobrecarrego meu corpo
De sentimento.Por causa disso me deprimo e me refugio nos cantos escurodos quartos e dos porões.
Me excluo de tudo e principalmente de todos.
Tenho um pequeno coração e um corpo sobrecarregado
E nele não há de caber mais nada.
As pessoas normais não sabem mais o que é sentimento
E por isso carregam seus corações de dinheiro e estresse.
Prefiro ficar sozinho, escondido nos porões da minha mente,
Me deprimido e sobrecarregado meu corpo
Com todos os sentimentos que ainda tenho.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Engodo

Quando foi a última vez que você encarou tua alma no espelho?
Quando foi que disparou um revolver sem balas?
Quando tu ouviu a voz de Deus?
A realidade é algo falho,
Acreditamos em coisas que morreram antes dos pais de nossos pais,
Vivemos várias vidas e não conseguimos viver todas de uma vez.
O que tu acredita,
O que tu aprendeu,
É tudo falso!
Nossa verdadeira historia não está escrita,
Nosso destino quem faz somos nós mesmo,
Estamos presos
A dogmas séculares pensamos ter quebrado parte dos grilhões que prendem nossos pés, Continuamos mentalmente presos.
Toda realidade é falsa,
Tudo mentira!
Você é uma mentira,
Todos a sua volta são fantoches de uma mentira maior.
Todos usamos máscaras.
Eu sou uma mentira assim como esse poema,
Enfim mentira vendida como verdade, Mas ainda sim mentira.
Diogo Ramalho

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Martini Bianco



Devaneando com um copo de Martini Bianco,
Com idéias febris em minha mente
E meu aparelho dentário machucando
A parte de dentro de minhas bochechas.
As filhas do Capitão Monteiro me fazem sonhar,
Me fazem querer morrer por dentro,
Me fazem querer me afogar no lindo Mar de Tina,
Mas o máximo que consigo é um copo de Martini Bianco,
É dia, na TV apenas Martina Navratilova em mais um set,
A ressaca me faz esquecer dos malditos canarinhos que cantam lá fora.
Malditos, servem apenas para aumentar minha dor de cabeça,
As idéias continuam febris,
Enquanto houver Martini Bianco e uma boa partida da Navratilova na TV, minhas idéias continuarão febris.
Até em certo dia não terei mais garrafas para secar, nem TV para assistir,
Assim como a saia branca esvoaçante de Martina Navratilova Não chamará mais atenção
E então outras coisas poderão prender minha atenção e irão deteriorar a mim e as minhas idéias e assim poderei fechar o ciclo como um falso orgasmo de uma puta nova.

Diogo Ramalho

Piratas urbanos


Piratas urbanos subam a bordo de minha nau de quatro rodas,
Conquistaremos terras e centros com nosso poder moderno.
Tenho em meu coração amores que me levaria as derrotas,
Não vejo propósito em minha dedicação e nem nas conseqüências.

Minha mente já não se culpa e não mede esforços para conseguir o que quer.
Quem me dera possuir o mundo de minha musa inspiradora,
Mas só o que tenho é um olhar terno e uma palavra de bem querer,
Não consigo conquistar outras terras, nem ilhas, nem tenho âncora

Para me firmar em um canto seguro,
Meu barco de rodas vai para um lado e para o outro
E aos poucos meus marujos perdem o controle.

Meu mar de asfalto já é pequeno e eu invado calçadas,
Sem destino e sem controle procuro o poste mais próximo
E nele entrego minha vida e peço uma cruz para enfeiar a cidade sem esquina.


Diogo Ramalho

Sonho, realidade, mentiras e verdades


No preto e branco de suas fotografias
Vejo meu mundo ruir como um castelo de areia,
Mas não me entristeço
Pois assim posso construir algo sólido,
Não quero vender-te sonhos
E sim dar-te o real de meu mundo.

O percurso longo foi feito rápido
E não trago nada de valioso na bolsa,
Apenas um colar de conchas nas mãos.
Quero ir ao norte e tomar-te em meus braços
E poder contar cada pintinha que tens no corpo.

Eu de punhos cerrados,
E pés no chão correrei mundo afora,
Quero teu sonho de donzela,
Quero teus pés de Cinderela,
Ser o rei dessas terras.
Serei eu o brinquedo em suas mãos de criança.

Fecharei meus olhos e fugirei do cerrado,
Irei de bom grado para onde me pedir,
Será você meu sonho sul-americano,
E minha vida contigo irar se tornar um livro de ficção.


Diogo Ramalho