quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Sabe, Sei, Sabem, acho, acham...



Há no caminho uma casa abandonada,
Onde todos que passam prestam suas homenagens,
Ali morou e morreu um homem que se dizia sentimental.
Por anos viveu só,
Apenas os rouxinóis o visitavam fim de tarde,
Exclusão por não se sentir incluso.
Em um meio social facilmente excludente.

Garotos perdidos não viram a beleza de se está fora da rota,
Uma imprevisibilidade que muitos não conheciam,
Julgando-se conhecedores do destino e das pessoas.
Agora não sabem nada,
Apenas impressões.

O que vêem é o resumo de uma criação de achismo
E suposições.
Ele te ama!
Não dê atenção,
Carente ao extremo.
Ouça o aviso então!

O mundo dentro de uma pequena caixa de intrigas,
Não sabem quem são, quem sou e quem és...
O que se sabe é apenas o que se acha.
Um personagem criado em uma serie de observações.

Há no caminho uma casa abandonada,
Onde todos prestam suas homenagens para aquele que não quis saber de nada,
Nada!
Sua vida era sua preocupação,
Nada de achismo ou intromissão.

Quando muito cansado da opinião de seres indesejados,
Pegou seu matulão,
Pois os pés na estrada
E no meio do nada construiu sua casa.

O progresso o encontrou em poucos anos
E para não se ver cercado por esse progresso acinzentado,
Abraçou a natureza amiga
E com a coragem dos loucos findou sua vida.
Os que se lembravam dele eram poucos
E o que sabiam era bem pouco também.

Mais ainda surgiu o comentário,
Foi morar no mato
E ficou louco,
Vivia só,
Isolado,
Sujo como um porco!

E o homem jaz morto!



Diogo Ramalho

terça-feira, 29 de outubro de 2013

O que querem




Nos querem imbecis,
Acenando e rindo
Para tudo que nos ofertam.
Nos querem dominados, adorando e multiplicando as palavras enganosas
Que nos envolve e move ações.
Está aí bem as claras,
Mas fingem não ver,
Pedem que fechemos os olhos.

Nos querem imbecis,
Porque eles são violentos
E não querem que reclamemos.
Querem dominar,
Dominar...
São parasitas malditos que querem nos subjugar.
Imbecis...
Imbecis...



Diogo Ramalho

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Ei você




Solidão por opção,
Acompanhando a saga dos guerreiros da relação,
Que com medo de ficarem só
Se apegam a sorrisos leves.
Poupo o coração
E não espero por nada.
Aparece o que tiver de aparecer,
O caminho que lhe oferece a opção,
Não reclame de suas escolhas ruins,
Não culpe ninguém,
És o único culpado pela sua falta de sorte.
Não nascemos grudados,
Crescemos distantes e separados.

Sua existência era por mim desconhecida,
Então a solidão me parece lógico e racional.
Nada de impulso,
Se estimulado ao sentimental
O ser humano atual começa a sofrer de diabetes emocional,
Açucarando ao extremo,
Coisas, atos, gestos que deveriam ser tido como uma manifestação de carinho trivial.


Diogo Ramalho

terça-feira, 22 de outubro de 2013

A alegria em um lugar distante




A famosa alegria acena de um local distante,
O sorriso do personagem principal não é tão legal e nem um pouco elegante.
O sentimento é vulnerável
E as palavras fáceis inflamáveis.

E assim o mundo é tido como algo normal!

A alegria acenando um lindo tchau,
Todos mudos enquanto vai embora a felicidade.
Agora todos fingem,
Fingem,
Fingem,
Fingimento interminável...

E não importa quem reclama,
O importante é a falsa alegria que ninguém desbanca.
Os risos frouxos serão incontroláveis,
As gargalhadas intermináveis
Mas o choro vem no final,
E não há mais felicidade.

Não há mais mãos dadas,
Corrida ao vento e a grama alta.

Nada mais importa nesse instante,
A alegria continua a acenar de um lugar cada vez mais distante.
E o fingimento será indispensável,
A falsidade recomendável
E não se verá mais felicidade.

O engodo é quem manda,
Não há mais felicidade!

Se desespere,
Adeus a felicidade!


Diogo Ramalho



terça-feira, 15 de outubro de 2013

Morro



Não há como mandar
O coração escolhe seu alvo e não há como mudar.
Se a paixão é impossível
É só não se entregar.

Como se fosse fácil...

Esperar a porra do cupido outra moça vim flechar,
Porque a situação as vezes pede
Para que não se siga o que se sente,
Pois tudo está em uma suposta ordem
Que se perturbada pode libertar o caos
Em nosso meio supostamente tranquilo.

Um sentimento para sufocar,
Momento de sorrir,
Hora de acenar.

Lá no alto daquele morro
Enterrei novamente meu coração,
Não é castigo,
Mas para que ele aprenda a escolher melhor uma nova paixão.

Diogo Ramalho

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Mastigue bem os alimentos




O garfo vai repetidas vezes até a boca,
Os dentes processam rapidamente o alimento mandando pro estômago cheio de ácido,
Todos os dias,
Todas as refeições a mesma coisa.
Mas naquele dia a fome parecia inesgotáveis
E começa a devorar o alimento bem rápido,
E entra arroz,
Devora-se a carne,
Salada desce com facilidade,
Mas uma ingênua ervilha desliza suave pela garganta abaixo,
E cuidadosamente se aloja de forma confortável abaixo da faringe,
Entrando despreocupada pela porta da epiglote
E vem engasgo
E falta o ar
O rosto vermelho começa a causar temor nas pessoas envolta,
- Um Médico! grita uma mulher.
- Uma ambulância
E o homem sem socorro se entrega a ervilha que agora desce para suas entranhas,
Mas é tarde,
O estrago está formado
E uma inocente ervilha é culpada pela morte do coitado.




Diogo Ramalho

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

O negócio e a alma




Faz a ação,
Ela conta para a outra,
Que comenta com o namorado,
Que achando que é mentira conta para os amigos,
Que numa festa em um sábado qualquer vira boato.

Uma moça distraída escuta o boato e o passa a diante,
E um ato
Viram dois, três, quatro e por aí vai...

Soberano por conta de conversas passadas e repassadas,
Os convites chegam,
O vinho, a pele, o coito.
O coringa do baralho feminino,
O par quase perfeito,
O amigo.

Ele desconhece o que se espalha,
Apenas se surpreende com a excelente fase.
Não faz nada demais,
Apenas vive de forma reservada.

E a notícia se espalha,
Até o diga em que a fofoca acaba
E a vida acalma
Dando sossego para aquele que abraçou carinhosamente o desapego.



Diogo Ramalho

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

As revelações de Locke



Paredes lindamente decoradas,
Dá destaque as frases sujas feitas com bosta,
O cheiro fétido insulta o olfato
Como as frases insultam os olhos,
O Ego,
A alma.

Lenços unidos,
Formando a corrente que me tirará desse horror,
Tudo ao redor alegre,
Tudo de uma forma estranha,
Uma inversão do que se faz e do que se fez.

Visão embaçada faz com que as pessoas não vejam no que a humanidade se transformou.
Relações baseadas em vai e vem,
Somos fortes,
Mas o ódio parece que vai vencer.

Esqueçam não existo mais,
Esqueçam não somos tão especiais.

O pé vacila e está próxima a hora de se desligar,
Os olhos se viram
E já é difícil respirar.

Ar, Ar, Ar...

Falta ar, falta vida, falta amor...

Não sou o primeiro nem o ultimo que se entregou.

A parede linda tem uma catinga sem fim,
Apenas aos olhos é admirável,
Cheira...

Não pense,
Nem se arrependa,
Não queira melhorar...

Não queira!

Ouçam a velha canção,
Caos acompanhado de mentiras midiáticas,
Ouçam...

As vértebras cervicais se rompem.
Ar, ar ,ar...
Secção da medula espinhal,
Já não sinto nada,
Anestesia total,
O ar não entra
E o que está dentro sai...

Corpo sem sentido,
Mundo sem sentido,
Apegado e brigando por bobagens.

Escute,
Ar...
Escute...
Falta ar.

Corpo,
Buraco,
Terra na cara.
E o outro lado não é nada do que se esperava.


Diogo Ramalho





quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Doença


Os sintomas estão aí,
A mídia tenta fazer você não vê,
Mas não tem como não enxergar,
Furto da vida, do sossego,
Envenenando a alma que sufoca com o cheiro de maldade que impregna, nas pessoas, casas e prédios.

Sociedade doente,
Assistem à novela,
Acreditando nas baboseiras que o cara do jornal fala na tela.

Pessoas enlouquecem,
Sem motivo ou porque,
Filho fratricida,
Atirou para ver morrer,
Mães deprimidas,
Matam seus filhos para não vê-los sofrer.

A sociedade enlouquece em silêncio,
Arruinando a vida de seus eternos detentos.
Veja como é,
Não dá pra sair para outro sistema qualquer.

Estamos dentro e não há o lado de fora,
O parasita deve se autodestruir,
O mundo enfermo apenas espera a destruição do ser humano por inteiro.



Os sintomas estão aí,
As pessoas nas ruas
E o Estado oprimindo,
Cumprindo seu papel,
Protegendo a propriedade privada,
Enquanto o povo espera por melhoras
E vê seus direitos descendo pelo vaso depois da descarga.

Qual o remédio se somos nós o câncer?
Cortar a própria carne
E ver jorrar o sangue podre?

Os sintomas estão aí,
Difícil é não ver,
E essa doença para ser curada
Vai necessário um fim para eu e para você.


O mundo bem como nunca esteve.


Diogo Ramalho