terça-feira, 30 de julho de 2013

Serra D'ouro



E dizia que por trás daquela serra...
Tem muito ouro,
Muito ouro,
Ouro!!!
Mas todos que escavam por aquelas bandas nada encontram,
Nada encontram,
Não encontram...

Cada ano que passa
O boato cresce
E mais gente pra serra segue...

Por trás da serra não se encontra ouro,
Os homens indignados voltam atrás alguns passos
Querem descobrir se por baixo da serra se esconde o tal ouro.

Dizem que um senhor de idade encontrou um veio gigante
E hoje mora na Europa.
O velho ninguém conhece,
Um amigo do amigo, do amigo diz que encontrou o senhor de idade quando ainda era pobre.

Cavucam a terra,
Reviram as pedras
E um pobre diabo encontra um punhado de metal dourado,
Muito pouco,
Mas o suficiente para que os gafanhotos enlouquecidos
Começassem a devorar a serra.

Mês após mês,
Cada dia menor,
O ouro?
Quase nunca encontram...
E o boato cresce sem parar.

Hoje já não existe serra no lugar,
Mas dizem que mesmo milhares de pessoas tendo participado da empreitada,
Os homens cheios de cobiça escavaram o lugar errado
E que o ouro abundam por essas terras,
Só basta saber encontrá-lo,
Esses são os boatos.



Diogo Ramalho

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Conflito meu, seu, nosso...



Uma casa vazia,
Um frio de dá dó,
Bombas explodem em um quarteirão próximo.
Minha querida se foi,
Um carta e uma foto aquecem minh’alma.
Não deixarei que ninguém venha me ferir
E o medo em breve deixará de me dominar
E não haverá rancor ou decepção.
Tiros ecoam cada vez mais perto
E meus vizinhos continuam vivendo
Como se nada estivesse acontecendo.
Toque de recolher,
Tropas e lutas.
Todos em batalhas, enquanto o mundo necessita de amor!
Certo?
Não crê nisso?
Então você deve ser daqueles que crê em jornais.
Precisa de amor, É disso que precisam.
E enfim a batalha chega até mim,
Minha casa arde em chamas
E a cavalaria passa arrasando outras casas da mesma rua.

Diogo Ramalho


O Rei bobo



Por trás de muralhas ditas intransponíveis dorme no mais sossego dos sonhos,
Uma princesa às avessas.
Dias a fio berra por socorro e escabrosos palavrões,
Fazendo com que príncipes pomposos fujam,
Mas não fogem apenas por isso.
O guardião da princesa causa temor,
Impondo uma condição a quem se atrever a derrotá-lo.
A condição é ter o peito magicamente aberto para nele verter os mais nobres sentimentos,
Levando-o a um passo da iluminação,
Senhor do desapego material,
Perseguidor de homens violentos.

Nenhum cavaleiro ousa derrotar quem há tempos vela e protege o sono da bela donzela,
O melhor dos guardiões,
O amor!
Além de proteção ele cura dores,
Cicatriza feridas e traz luz a um mundo vil.

Nenhum dos corrompidos cavaleiros se atreve a se tornar um herói legítimo,
Sobrando ao bobo da corte assumir o papel de protagonista,
Derrotar a quem nunca temeu,
Nem precisou lutar,
Apenas ajoelhou-se e se entregou a mística condição.

Subir a torre foi quase eterno,
Uma escadaria que parecia não haver fim.
Surpreendentemente encontrou em locais diferentes dois esqueletos de outros valentes.
Cansou e cambaleante conseguiu chegar ao final.
Encontrando sua nova amada no umbral da sacada,
Esperando...

O bobo que de bobo não tinha nada, nem pensou em descer,
Dias de gozo se passaram,
Alimentando a chama até então dormente,
Criando o milagre da gestação no coração do casal,
Filhos do amor,
Que mutou os dois.

Ganharam asas e da gigantesca torre já poderiam sair sem dificuldades,
Caminharam os dois de mãos dadas até a sacada
E sem receio jogaram-se,
Entregando-se a um lindo vôo,
Por entre nuvens,
Altas montanhas.

Descobriram um vale bem escondido entre cumes e precipícios,
Tudo muito cheio de neve que apenas rodeava as montanhas,
Atingindo sutilmente o vale.
As nuvens de forma caprichosa se abriam,
Aquecendo e dando luz ao lugar.
Ali fundaram um reino,
Onde só quem era eleito por ser honrado e portar nobreza no coração
Merecia morar em tão perfeito local.
Servindo ao mais digno dos reis,
Um rei que nem castelo tinha.
Riqueza?
Muita...
Era rico por não querer se-lo.
A sala do tesouro ficava aberta, sempre,
Pois ouro, prata e pedras preciosas não interessam
Quando a maior das riquezas se encontra no coração.




Diogo Ramalho

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Entraves ou amai-vos sem medo



Amai-vos...
E assim serás feliz,
Amai-vos,
Independente de crença ou religião.
Amai-vos, pois amar não é pecado e só faz bem,
Amor de mãe, amor fraterno, amor carnal...
Amor pueril, amor jovial...porque o amor não envelhece.

Amai-vos sem compromisso,
Porque o compromisso estraga toda forma de amar,
Porque o amor é livre e está junto da pessoa amada
É opcional e não obrigatoriedade,
A necessidade de amar faz com que estejamos próximos,
Não anel, Não papel...

Amar é sair para a rua
Enquanto o coração permanece com a pessoa que se ama
E assim passar o resto do dia pensando como a amada deve está.

Amai-vos, porque é bom,
Porque amor é verdade.
Deus não é amor
O amor que é um Deus!

Não há empecilho aos que querem o amor,
Não há maldade, inveja ou ódio que o subjugue.
Amar é está livre,
Livre das amarras que transformam amar em obrigação,
Onde a relação se consiste em posse.
Amai-vos e se o amor inesperadamente acabar,
Saiba que então nunca se chegou a amar,
O destino não é culpado pelos seus entraves
E a culpa é sua se confundiu amores com paixões fugazes.

Amai-vos...


Diogo Ramalho


quarta-feira, 17 de julho de 2013

Desacreditar




Saio do meu momento labiríntico
Para que em equilíbrio possa seguir de novo.
Levo comigo as conquistas e principalmente
O gosto amargo da derrota.

Saio inteiro,
Novamente sobrevivente das mazelas do coração,
Viver é uma aventura deveras perigosa
E só temos a opção de viver.

Se a função é obrigatória
A permanência deve ser da melhor forma.
Mas o que fazer quando a massa burra não consegue compreender o convívio?

Em cada rua,
Em cada casa, poste, parada de ônibus
Vejo a face iluminada do meu amor
E ignoro por não compreender mais nada.

Meu amor eterno se tornou efêmero
E as pessoas na rua já vêem em minha face os efeitos da descrença:
- Lá vai o carrancudo!
- Lá vai aquele que só vê o lado ruim do mundo.

Saio do labirinto,
Sem ajuda de novelo de lã.
Difícil e perturbador,
Mas no fim vivo!

Preocupa-me os rumos que os corações tomam,
Preocupa-me viver em constante batalha com o nostálgico e melancólico,
Nada que vá incomodar quem quer que seja.

Não há necessidade de mostrar meus dentes para demonstrar minha felicidade,
Um sorriso mesmo que falso já deixa as pessoas satisfeitas.
Está tudo bem...
Mas estou mais acostumado com a companhia do triste,
Sempre companheiro,
Sempre real!

Minha felicidade não costuma escrever poesia,
E saibam que felicidade não é algo que se procura,
Ela te encontra, esbarra em você
E vai embora deixando apenas momentos, momentos e momentos.

Saio do labirinto
E o tempo que passei me procurando me mostrou o quanto sou egoísta,
O quanto quero um coração sossegado,
Mãos dadas e rostos colados.

Mas esse poeta sofre por sua sina
De não ter quem lhe cativa,
Saio do enorme labirinto de pedras
Para me perder no meio da multidão,
Labirinto de rostos e expectativas,
Um mundo repleto de meandros.


O poeta sai do labirinto...
Saiu?



Diogo Ramalho

terça-feira, 16 de julho de 2013

Xô, Deus!



Não enxergam o quanto sou ruim,
Tenho em mim a necessidade do mal,
De destruir, distorcer e subverter essa hipócrita ordem cristã.

Não percebem meu sorriso maléfico?
Apossei-me de forma leviana de um espírito mal que vagava por aí,
Somos um só,
Complemento de uma maldade que em mim não havia,
E como me sinto poderoso,
Cheio de uma energia que vibra por todo meu nefasto ser.

Empatia não há mais,
Respeito não há mais,
Bondade não há mais,
Há apenas ambição e a necessidade de uma dominação coletiva.

O bom moço enganou a todos,
Todos esperando gentilezas e agrados,
Recebem apenas raiva e arrogância,
Todos sorrindo falsamente,
Todos cheios de terror e apreensão.

Vejam,
O monstro que o mundo criou,
Sentimentalidade excessiva só traz dor,
Vamos colocar o dedo,
Vamos colocar o dedo,
Vamos colocar o dedo e apertar com força o emotivo alheio.

Minhas feridas não ficam mais expostas
E o verdadeiro eu foi blindado por uma grossa camada de maldade,
Não há espada de amor
Ou salvação que tire de mim o ruim,
Foi à dádiva dada somente a mim
E não saberei viver se não for dessa forma.

Mal, mal, porque o mundo é assim,
Bondade só gera engodo e sentimentos que não faço questão de sentir.
Procuro o fim,
Procuro o fim,
Nada mais me interessa só esse maravilhoso e esplêndido sentimento ruim
Que furioso e virulento toma conta de mim.


Diogo Ramalho


segunda-feira, 15 de julho de 2013

Zelo



Minha felicidade não é plena,
É limitada,
Mas depois de tanto tempo sem crer na tal felicidade
O limitado me basta,
E será o bastante para mim enquanto durar.

Tens um coração poético cativo,
Um misto de perigo e abstração.
Qual perigo?
De acostumar-me com um coração pedindo afago,
De nutrir o peito de forma irresponsável.

Dissolvo-me em sentimentalidades ao ver-te sorrir,
E ficar ao seu lado é como admirar um belo nascer do sol,
Sem palavras,
Apenas sentindo o calor dos raios que invadem meu corpo
E fazem-me bem,
Como uma boa dose de vitamina D.

Minha felicidade não é plena,
Mas é bom assim,
Não tiro o pé da realidade
E não temo o choque que me mostra o mundo de verdade.

Eu olho,
Eu olho...
És a minha mais bela inspiração,
A harmonia suave que acalma meu coração.

Vivem os tolos a mendigar sentimento,
Outros idiotas se apegam apenas ao carnal
E eu? Eu quero corpo, espírito e mente.
Quero o amanhecer amoroso
E o dormir sonhador.

Quero a almejada felicidade,
Não uma felicidade plena,
Uma felicidade limitada já me basta.


Diogo Ramalho


sexta-feira, 12 de julho de 2013

Mutantes




Muita,
Muita ação,
Muta,
Mutação!
Evoluímos materialmente,
Mas esquecemos a razão,
Agora precisamos correr contra o tempo para não destruir
O que conquistamos.
Muita,
Muita ação...
É preciso muita coisa pra se chegar à evolução,
Muita ação,
Para depois de muito tempo atingirmos
A mutação que é nosso destino,
Onde a mente não terá limites.

Muita ação
O passado será apenas um velho retrato.
Mutação,
Gerando evolução.
Muita ação,
Um mundo acordado.
Mutação,
Sem regras,
Nem leis,
Apenas conexão.

Respeito sem papel,
Não haverá mais processados,
Nada imposto,
De verdade,
O mundo em paz.

Mutação.



Diogo Ramalho

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Sorte de matar o lobo



Faça figa
Focando na força formidável que tens dentro deste físico casulo.
Frustrações não geram bons frutos,
Furto do positivo,
Intensifica o ruim,
Forçando o corpo contra o abismo.
Cuidado! Os demônios vão a forra
E o mundo como lugar perfeito se mostra uma farsa.

Fabricarmos um novo mundo precisamos,
Onde nesse novo teremos de ter um olhar humano.

Um furioso futuro ficcional será algo verossímil se com afinco
Fugirmos do monstro que tem nos iludido
E com foco fixo construirmos em irmandade
A transformação da utopia em realidade,
Plausível e palpável.

Fazendo do mundo capitalista
Um enorme e espetacular fiasco.

Faça figa,
Terás sorte
E o mundo será transmutado para o bem.
Em chamas arderão os que escravizaram para acumular bens,
Enquanto isso a sociedade sobrevive
E vai além.


Diogo Ramalho

terça-feira, 9 de julho de 2013

Passeio pelas ruas desertas de São Sebastião Ou Prepare para esticar o cordão Ou Aquele que ninguém vê caminhar



Sempre que o dia nasce,
Espero os júbilos de um novo dia,
Como recompensa ao desgaste do dia que passou,
Mas o dia passa e me sinto mais cansado,
A noite vem e com ela o sono.

Luto para não dormir, mas
Entre uma piscadela e outra
Vejo seu contorno parado à porta
E sei que não passa de uma brincadeira sem graça de minha mente cansada,
Mas mesmo assim me levanto e vou...

Não sei exatamente onde vou...
Mas sei que ir é preciso,
Por isso vou.
Ouço o respirar do corpo que ficou,
E sem medo estico o cordão e vou.

As pessoas não me vêem
E os cachorros latem quando passo.
Vago como alguém que não sabe para onde vai.

E tudo que tenho de minhas noites são lembranças
E já não sonho mais.
Tudo recordações do passeio que dou,
E o dia parece querer chegar,
Me fazendo muito mal....


Maldito sol,
Vai embora por favor.
Sempre que o dia nasce,
Espero a recompensa pelo dia que passou
E não há nada...
Passa o dia ,
E mais uma noite chegou...



Diogo Ramalho

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Quando a naturalidade não importa, somos cidadãos do mundo



Ruas largas e bem iluminadas,
Arvores por todos os lados
E a policia servil cumprimenta
Todos de forma gentil.

Onde está meu IDH?
Cidades todas orbitando,
Enquanto reina as mil maravilhas no plano.

Brasília!
Cidade excludente,
Onde os ricos mandam
E os outros se aglomeram nos cortiços ao redor da cidade.

Brasília,
Pobres não faziam parte do plano.

Brasília!
Capital da falsa esperança,
Cidade das ilusões.

Brasília
A madrasta,
Ou entra nos grupos,
Ou não faz nada.

Todo mundo faz parte do esquema.

Não está na panela?
Então nem tenta...
Sobra boa vontade,
Mas falta ação,

Cidade de merda!
Dominada por patrões,
Todo mundo é alguma coisa,
Quem não é se fodeu.

Brasília sou teu filho, mas pra mim você morreu!

Brasília!
Brasília!
Maldita Brasília!



Diogo Ramalho

Pequenos versos tímidos de verdade

Se eu pudesse descrever o que trago no peito,
Com certeza sairia um poema perfeito,
Mas minha insensibilidade não me permite
E sendo assim resta apenas lembrar-me do gosto de seus lábios
E do calor selvagem que inunda meu coração.

Quem me dera poder transformar em versos meus flashes de memória
E expurgar os receios que envolvem minh’alma.
Queria que minha sensibilidade conseguisse expressar tudo que trago no peito,
Para escrever versos lindos apenas para o seu deleite.

Versos para quando quisesse.
Se eu pudesse...
Ah! Se eu pudesse...



Diogo Ramalho

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Sem nada




Nada como voltar para casa,
Mas ao chegar próximo a terra
Porto já não há mais.
O que outrora era uma grande cidade prospera,
Agora não passa de ruínas dominadas pela selva.

Como se fosse um futuro que não vi chegar,
Como se a vida corresse de uma forma fantástica
E não se pode notar,
Sempre ocupado em martelar a calculadora,
Dinheiro, jóias e cortes na fortuna dos outros,
Buscando a paz perdida na velha casa o aconchego do lar.

Mas casa já não há mais,
Nada que seja familiar ou reconfortante.
Uma vida de angústia,
Sem porto seguro para ancorar,
Seus inimigos transbordam inveja
E esperam seu pé vacilar para que possam saquear seu ouro
E quando arrancarem tudo que possui
Em um grande ritual sacrificarão sua vida em troca de uma proteção obscura.

O que restou? Acumulou e ficou sem ouro, sem porto e sem casa,
Perdeu a vida e na roda dos que se diziam amigos
Seu nome agora é piada.



Diogo Ramalho

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Mentes mirabolantes



Mais que merda!!!
Mentes mirabolantes
Meditam sobre milagres,
Muitos chamam de mentira,
A maioria mendiga fé pedindo material a Deus.

Muita merda!
O ser humano deslumbrado pela matéria,
Marionete moderna
Enveredando-se por caminhos distorcidos,
Cheio de meandros ao invés de ir direto ao ponto.

Pronto! Meu momento é uma marmita quase morna,
Ao fim das garfadas,
Não resta nada.
Morte me leve,
Mas leve depressa,
Minha vida nessa merda
Não mais me interessa.

Diogo Ramalho


Expressão do que ficou




Não sei se é sina,
Se estou predestinado,
Só sei que meu caminho tem sido tortuoso e solitário,
Destino herdado,
Solidão hereditária
A mesma história passando
De pai para filho,
De pai para filho...
Tenho amor
E não tenho coragem...
Um mundo em pé de desigualdade,
Ninguém sabe o que é ter um coração cansado,
Sinto por ti,
Por seus irmãos,
Por suas mães
E vejo que não percebem o que se passa aqui.
A vitória dos idiotas maiorais
Que cheios de certezas subjugam
Nossos sábios cheios de dúvidas.
A dor do mundo me consome,
Por conta da cegueira dos que nos rodeiam,
Triste sina de poeta que tende a sofrer mais que os outros,
Condenado a vagar de coração em coração,
Sempre atrás de algo que nunca irá encontrar.
Será?
Um futuro nebuloso se mostra a frente
E não espero nada mais que as mesmas histórias tolas,
Os mesmos presentes sem significados,
Apenas valor monetário.
Não sei se é sina,
Mas sozinho a vida é mais simples,
Sem preocupações,
Só que às vezes o coração pensa em se amarrar,
Traindo a razão que predomina.
Não sei se é sina,
Solitude virou opção
E assim a vida finda
Sem o peito sofrer de paixão,
Uma hora tudo passa
E tudo será forte...
O mundo dos sonhos será meu.

Diogo Ramalho