sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

O tempo



O cabelo por trás da orelha
As mãos passeiam de bobeira,
Os lábios se encontram por acaso
E há carícias e afagos para todos os lados.

A coisa vai ficando mais intensa,
O corpo que estava frio agora esquenta
E começamos a nos despir,
Sem por favor, nem com licença.
A voz abafada viram gemidos.

E as vibrações vão ficando mais intensas,
Você escolhe a posição e então senta,
Mundo de sensações a cabeça nem pensa.
Em ritmo agalopado ela arrebenta
E o vidro embaçado nos condena,
Entregando nossa ação para a lei que de longe espreita
Mas tudo em paz, sem confusão.
Gozo prolongado finaliza a consagração,
Ritual de carne, troca de energia, de dois corpos a união
E no fim o rompimento,
Maravilhosos são os momentos
E o tempo que tava devagar,
Volta ao normal o seu caminhar.


Diogo Ramalho

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Gibi





A minha vida é muito normal,
Não sou diferente,
Nem especial.

Vida chata
Nem deveria existir
Ou podia ser diferente,
Um ilustrado gibi.

Ser mutante
Para te exibir meu poder
Brincadeiras perigosas para te entreter.

Grande herói,
Ser o teu vingador
Salvando o mundo várias vezes só para ter teu amor.

A vida é muito normal
Se fosse diferente
Seria eu teu pirata espacial,
Viajar galáxias,
Conhecer planetas
E te presentear com as mais belas estrelas.

Voar distancias,
Ser teu Tocha Humana,
Quente,
Ardente
E assim colocar fogo em tua cama.

Sou teu herói
E tu minha força
E também meu ponto fraco.
Minha vida junto a tua desenhada em quadros.


Nada normal,
Nada normal...



Diogo Ramalho

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Quando me for

Quando me for por casualidades triviais,
Não deixarei posses para quem quer que seja brigar por elas,
Deixarei meus versos e isso me basta.

O que será lembrado de minha jornada?
Esbórnia em seus vários níveis.
Além disso, a insistência de amar errado,
Sempre escolhendo os enlaces mais complicados.

Amar errado?
Não existe erro em amar
Mas me impuseram a nomeclatura
Por não considerarem correto estar-se aberto as sentimentalidades..

Amor rápido,
Casual,
Arfam,
Toque
Um leve tomar de conta,
Quase posse,
De almas.
Eu,
Você...
Você...
Você...
Você...

Amei e não houve erro nisso,
Não existem categorias, subdivisões
E a vezes que não pude expressar-me como sentimental,
Senti-me frívolo.

Quando me for e não tiver tempo de deixar meus últimos pedidos,
Meu categórico e emocionado verso final,
Carregado de impressões da pós-vida,
Carregado de desapego
E de entrega a não-consciência.
Se me faltar esse tempo,
Prepare seus ouvidos,
Para meus gritos de delírios
Que exaltarão a ti até que me falte o ar nos pulmões
E o gosto seco na garganta que clamará por mais um suspiro,
Por mais um berro emotivo.

Quando me for,
Que venham as festas de encontro ao meu casulo morto
E a certeza que me vou tendo experimentado o amor original,
Bebido de várias taças
E versando apenas o que preencheu.

Quando me for saibam que tenho medo do que tanto exaltei,
Fugindo da teoria piramidal,
Por querer loucamente o começo
E rejeitar de forma desesperada o final.

Quando me for admitirei meu vício de está quase sempre enamorado
E de como isso motivou minha trilha
E de como sucumbi diante de cada dose cavalar de amor que tomei,
Sendo mal-visto por alguns
E mal falado em cochichos discretos.

Nunca temi dedos acusadores,
Quando eu me for esses dedos continuarão em riste
E meus versos atravessarão o tempo,
Além de nossos filhos
E dos filhos destes
E daqueles que julgavam,
Nada se saberá,
Nada.


Quando eu me for...



Diogo Ramalho


terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Perigos das cidades





Os perigos da alma e do coração me deixam para baixo
E levemente doente.
Necessito de uma cara nova para fugir disso tudo,
Preciso de um disfarce ao menos.

Se eu fosse você,
Viveria apenas suas alegrias,
Deixando para você apenas as tristezas e tormentos.
Ao confundir-me com você todos esses sentimentos,
Saio fora e arrumo outro disfarce
E alteram-se os momentos.

Como se fosse um casulo,
Apenas o casulo.
O mesmo corpo,
Mente duo!

Constantes conflitos internos,
A mente condicionando a nova situação.

O corpo é o mesmo,
Apenas o casulo
E mente duo.

Fugindo das pessoas
E suas cidades,
Para encontrar um novo eu,
Um novo elemento.


Protegido das dores do mundo,
Protegido dos males e de tudo!

Protegido!


Diogo Ramalho


quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Pessoas em filas




Pessoas em filas,
Espremidas em catracas,
Seguindo as mesmas filas diárias.

Seguem o rumo,
Seguem os rumos,
Segue o mundo.

A cacofonia incessante de vozes a reclamar,
Sempre aumentando os reclames,
Sempre mais um.

Pessoas em filas,
Chatos rodoviários
Incômodos bebuns.

Transporte aos pedaços.
Quebrou mais um,
Adiante mais um...

Pessoas em filas
Esperando um dia repetitivo.



Diogo Ramalho

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Areado




O coração pede calma,
Mas não tenho certeza se estou pronto para esquecê-la,
A dor faz lembrar-me que estou vivo,
Há dor...

Depois que esquecer-me,
Como querem que eu me sinta?

Feliz a espera de um novo momento?

Dá razão a minha certeza
Deixa-me desprotegido,
Alguém que definha junto
Ao amor que escorre ralo abaixo.


Tudo voltando ao seu normal,
Todos escondendo suas dúvidas
Enquanto arrisco-me!

Pede calma o coração que não agüenta mais,
Ilusões,
Fantasias que lhe vem de um lugar distante.

Em um universo paralelo talvez
As coisas tenham sido diferente.
Pensamentos que não podem moldar meu futuro,
As lacunas serão preenchidas pela poeira do tempo,
Devagar e constante.

E o coração não precisará pedir por nada.
Corpo são
E alma lavada!



Diogo Ramalho


sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Vou indo




Um ponto,
Outro ponto...
Partindo de um ao outro,
A vida é repleta de defeitos.

Acomodados com seus descontentamentos
Resmungam falácias
E se viram em dois, três...
Para fingir sorrisos
E ao dormir sonhar com o que não fez.

Imagine um dia em que se olhar no espelho
E do lado tiver mais que seu reflexo
E ele lhe encarar
E questionar sobre seus medos.

Medo de ser feliz por inteiro,
Medo de ouvir e de dar conselhos,
Medo da liberdade e seus segredos.

A realidade é um mundo sombrio
E falta a todos paciência
E alguns socos.

Procurando no fundo do guarda-roupa
A saída para algum mundo fantástico.
O que procuras está lá fora,
Está lá fora
E vão,
E vou,
E vamos...

Vou lá...


Diogo Ramalho


quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

A calma / acalma



Só ter calma irmão,
Você não está sozinho nessa,
A dor que machuca o peito não irá sumir fácil assim.

Esse sentimento agora incômodo também dói em mim,
Pois também perdi o frio na barriga e as mãos suadas,
Ela me deixou,
Assim como você perdeu alguém.

Vampiros emocionais tentam drenar o que me resta,
Minhas memórias
E meu tempo feliz,
Assim como farão com você.

Você observará pessoas passeando saltitantes de alegria,
Irá perceber milhares de casais felizes
E tudo parecerá tão distante
Que pensará que a felicidade nunca irá retornar,
Mas quando você menos esperar,
Ela vem.

Só ter calma,
A tristeza será real que quase poderá tocar nela,
Isolado em uma casamata abandonada,
Mas os raios de sol ainda sim penetrarão a escuridão trazendo um pouco de esperança.

Não fique confuso,
Não faça nada por impulso,
As conseqüências são reais,
Não se torne o monstro que esconde no fundo da alma,

As maldades parecerão aceitáveis,
Mas envenenarão
E o rancor irá crescer como um câncer.
Não é esse o sentido de fim.

Um dia tudo isso não parecerá nada demais,
O dia será igual aos de muito tempo atrás.
É só ter um pouco de calma rapaz!


Diogo Ramalho




segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

A vida perdeu mais um




E era como a dor,
Da ferida que não cicatriza
E o sangue misturado ao pus fétido,
Uma sensação de nojo
Afastam os narizes delicados
E vejo os urubus sobrevoando minha carcaça.

Como em uma dança da morte
Eles rodeiam meu corpo exposto,
Como uma dança infernal eles rodeiam minha carne
E como chuva descem todos,
Animais mal-cheirosos,
Rasgam a carne
E devoram cada vez mais,
Não há o medo da reação da presa.


E era como a dor!
Não haverá sobremesa.

E era a dança da morte!
Um balé aéreo
Que finda com um banquete do corpo novo,
Nu!

Rodeado pela morte alada,
Bicos afiados,
Sangue,
Tripas,
Gracejos reclamam por haver apenas um rim.

E não há terra no rosto,
Nem parentes e amigos
Velando o corpo morto.

O banquete dos seres alados,
Sem pressa,
Sem preces
E sem último recado,
As últimas palavras foram uns palavrões mal pronunciados.


E era como a dor de não ser casulo,
Apenas um corpo sem valor nenhum.
Do material ao surreal sem uma explicação formal.

O ciclo alimentar devorou mais um,
Na revoada da morte,
O prato principal,
Revoada de partida,
Cheios, empanzinados.
A dor do morto na barriga de cada um.


Diogo Ramalho