sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Quando me for

Quando me for por casualidades triviais,
Não deixarei posses para quem quer que seja brigar por elas,
Deixarei meus versos e isso me basta.

O que será lembrado de minha jornada?
Esbórnia em seus vários níveis.
Além disso, a insistência de amar errado,
Sempre escolhendo os enlaces mais complicados.

Amar errado?
Não existe erro em amar
Mas me impuseram a nomeclatura
Por não considerarem correto estar-se aberto as sentimentalidades..

Amor rápido,
Casual,
Arfam,
Toque
Um leve tomar de conta,
Quase posse,
De almas.
Eu,
Você...
Você...
Você...
Você...

Amei e não houve erro nisso,
Não existem categorias, subdivisões
E a vezes que não pude expressar-me como sentimental,
Senti-me frívolo.

Quando me for e não tiver tempo de deixar meus últimos pedidos,
Meu categórico e emocionado verso final,
Carregado de impressões da pós-vida,
Carregado de desapego
E de entrega a não-consciência.
Se me faltar esse tempo,
Prepare seus ouvidos,
Para meus gritos de delírios
Que exaltarão a ti até que me falte o ar nos pulmões
E o gosto seco na garganta que clamará por mais um suspiro,
Por mais um berro emotivo.

Quando me for,
Que venham as festas de encontro ao meu casulo morto
E a certeza que me vou tendo experimentado o amor original,
Bebido de várias taças
E versando apenas o que preencheu.

Quando me for saibam que tenho medo do que tanto exaltei,
Fugindo da teoria piramidal,
Por querer loucamente o começo
E rejeitar de forma desesperada o final.

Quando me for admitirei meu vício de está quase sempre enamorado
E de como isso motivou minha trilha
E de como sucumbi diante de cada dose cavalar de amor que tomei,
Sendo mal-visto por alguns
E mal falado em cochichos discretos.

Nunca temi dedos acusadores,
Quando eu me for esses dedos continuarão em riste
E meus versos atravessarão o tempo,
Além de nossos filhos
E dos filhos destes
E daqueles que julgavam,
Nada se saberá,
Nada.


Quando eu me for...



Diogo Ramalho


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