quinta-feira, 10 de abril de 2014

Bang Bang




As cidades estão abandonadas,
Vítimas de um Estado que nunca faz nada,
Propagando benefícios básicos
Como se fosse importantes passos
E o povo apático aceita tudo calado.

Nas ruas mal iluminadas
Espreitam pedreiros viciados,
Reféns de uma realidade cortante
Dividas que se paga com sangue.

Mataram Bang Bang,
E sua morte não foi à primeira,
Faroeste desconcertante
Em terras brasileiras.

Esquálido corpo coberto por lençol,
Espetáculo com público e sirenes,
Quase tão empolgante quanto futebol.
População carente comemora o desfecho
Filmagens e fotos compartilhadas
Deixam o domingo quase perfeito.

Mataram Bang Bang,
E sua morte foi algo banal,
Ao amanhecer será noticia
No boca a boca casual.



Diogo Ramalho

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Oba!

Minha voz não sai,
Só sinto o êxtase,
Sua boca me envolve,
Levemente tomando conta do meu ser.
Desliza...
Vai!
Desliza...
Vem!
Meus olhos fecham
E apenas me sinto bem.

Mãos,
Seios,
Bocas
E pernas enlaçadas
Iniciando um movimento,
Mais rápido,
Mais intenso.
Gemidos e gritos abafados
Indicando o fim já previsível.

Atinjo o céu
E volto flutuando como uma pluma leve,
Um só corpo,
Um sobre o outro,
Carinho e suor.

Respira,
Um...
Respira,
Huuuuuummmm...
Dois...
Respira,
Huuuuuuummmm...
Três.

Nos recompomos e podemos começar tudo outra vez.


Diogo Ramalho