quarta-feira, 29 de setembro de 2010

As peripércias do amor involuntário


Há tristeza maior do que passar as noites frias a esperar por um amor que não voltará

Nunca mais...

Pior que perder o grande amor para a morte

E ter a certeza que o amor morreu

No coração da amada ainda viva.

Há em meu peito um sentimento que não cala,

Mesmo no pior dos momentos

Onde a força tento não pensar em quem partiu.

Não há inferno onde eu desça para resgatar o amor perdido,

Inferno maior é o que vivo sem a paz de um amor tranqüilo,

Sem lira para tocar.

Ao menos se a morte fosse minha companheira,

Mas não é minha e nem do amor que se vai,

Há um vazio na alma que me faz sentir um frio incalculável no coração até outrora palpitante.

Há em mim a imensa tristeza de ter perdido um amor que ainda vive,

E que mesmo insistindo em tirar do peito toda dor de amor que sinto,

Como erva daninha ele cresce e cobre meu coração com suas folhas e espinhos,

Desço os sete degraus sem ter morrido por completo,

Sou algo que anda e não sabe para onde vai,

Sou alguém que sorri para esconder a amargura no peito,

Sou alguém que a alma grita e dos meus lábios não saem sons

E sou a infelicidade de todos os casais felizes.

Não há sentimento compartilhado,

Nem sei se Deus se diverte com minhas noites de agonia em meu quarto vazio

Onde rogo por um sono eterno,

Não por medo da vida ou por desespero,

Mas por não ver sentido no mundo que me deixaram.

Não há liberdade em quem ama com fervor alguém que não vem,

Apenas um prisioneiro de meus sentimentos é isso que sou,

Como quem ama a lua e não pode toca-lá,

Como quem abre os olhos e não há nada para ver,

Meus olhos querem os seus,

Minha alma quer companhia,

Sair do mar gelado em que ela bóia esperando o fim de tudo.

O fim de tudo...

De tudo que se chama amor,

De tudo que mais amo,

De tudo que insisto em amar,

De tudo que me prende as lembranças já há muito tempo esquecidas por uns e vividas por outros.

Sou a angustia do mundo que não entendo,

O rancor que expurgo com vontade,

O que só quer um bem,

O que acorda todo dia sem vontade de está de pé,

Pois há dor maior que perder o grande amor para a morte

É amar e ter a certeza que não nutro o que sinto por que quero

E sim porque tal sentimento me invade

Fazendo-me prisioneiro de um amor que a morte não levou,

O que morreu foi o amor no coração da amada ainda viva.

Viva...

Diogo Ramalho