segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Solidão



Ruim a solidão?
Não...
Digo que não!
A solidão faz bem,
Com ela a chance é grande de se conhecer muito bem,
Saber sofrer sem virar depressão.

Ruim a solidão?
Não...
Ela que me fez companhia,
Me mostrou que mesmo sozinho a noite não precisa ser fria!
Que aprendendo a me conhecer
Eu poderia até te querer,
Muito mais,
Bem melhor!

Só não pode tornar a solidão um vício,
Interagir é necessário e fugir disso é desperdício,
Cada par abandonando sua parceria com a solidão 
E mostrando o que aprendeu no solitário conviver.

Ruim a solidão?
Não!
Ela é o melhor aprendizado para se entregar!
Basta saber sofrer!


Diogo Ramalho


quinta-feira, 31 de julho de 2014

Um

Sinto-me mal.
Mas finjo está tudo bem
A vida doce como mel.
O que você é
Não é o que vêem,
Uma vida
E nada mais
Um segredo
Que me faz
Morto por dentro.
O grito!

Eu me desaponto
Por achar-me maligno.

Um dia
Para se sentir um verme.
Um!
Não é errado sentir,
Ainda mais quando é  nobre o que se sente.
Não sou nenhum  Jesus,
E a vida segue
E eu vou atrás.
Apenas no fluxo,
Meio deslocado
E sempre me sentindo observado
Como alguém que não se ajusta.

Um a vida!
E um dia para se sentir mal,
Nos outros finjo
Finjo.

Para meus pais,
Filhos
Familiares
Irmãos!



Diogo Ramalho

Volta

Não se volta o tempo,
Nem se retrocede na jornada.
Adiante vou errar menos,
Pois não posso voltar ao passado.
Ei,
E se você pudesse voltar?
Erros passados fazem de você o que você é hoje
E  eu não voltaria atrás
Pois acho que aprendi com os fatos.

Ei,
O que você faria?
Quem encontrei,
Quem se fez de amigo,
Quem somou forças.

E hoje sei que tudo isso me fez o que sou hoje
E vou seguir adiante.
Consertando no seguir,
Porque não dá para parar ou tentar se redimir.
Não há remendos no passado.
O futuro é que vai dizer o que você fez
E o mundo será  dos que ousaram
Porque só se pode contar consigo mesmo no final das contas.

Solitário homem que escreve sua história
Com as ações de seu pensar.



Diogo Ramalho

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Buzz

E fere a carne,
O tempo passa e o fedor
Nos lembra do que deixou de existir.

Feras entre homens
Tentam matar e tudo destruir.
Não há limites para o que continua a crescer.

Tudo vai ruir,
Tudo vai ruir,
Tudo vai ruir...

Todos reclamam do que nos tornamos,
Mas somos apenas o retrato que pintam a séculos.
Sem cultura,
Sem direito a se rebelar,
Reprimidos em guetos.

Tudo vai ruir,
Irá...
Tudo vai ruir,
Irá...
Tudo vai ruir.

Repressão gera revolta,
E tudo que nos fez terá o retorno,
A volta!

A bomba vai explodir
E a vida será o esticar de uma mola retraída.


Diogo Ramalho

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Bang Bang




As cidades estão abandonadas,
Vítimas de um Estado que nunca faz nada,
Propagando benefícios básicos
Como se fosse importantes passos
E o povo apático aceita tudo calado.

Nas ruas mal iluminadas
Espreitam pedreiros viciados,
Reféns de uma realidade cortante
Dividas que se paga com sangue.

Mataram Bang Bang,
E sua morte não foi à primeira,
Faroeste desconcertante
Em terras brasileiras.

Esquálido corpo coberto por lençol,
Espetáculo com público e sirenes,
Quase tão empolgante quanto futebol.
População carente comemora o desfecho
Filmagens e fotos compartilhadas
Deixam o domingo quase perfeito.

Mataram Bang Bang,
E sua morte foi algo banal,
Ao amanhecer será noticia
No boca a boca casual.



Diogo Ramalho

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Oba!

Minha voz não sai,
Só sinto o êxtase,
Sua boca me envolve,
Levemente tomando conta do meu ser.
Desliza...
Vai!
Desliza...
Vem!
Meus olhos fecham
E apenas me sinto bem.

Mãos,
Seios,
Bocas
E pernas enlaçadas
Iniciando um movimento,
Mais rápido,
Mais intenso.
Gemidos e gritos abafados
Indicando o fim já previsível.

Atinjo o céu
E volto flutuando como uma pluma leve,
Um só corpo,
Um sobre o outro,
Carinho e suor.

Respira,
Um...
Respira,
Huuuuuummmm...
Dois...
Respira,
Huuuuuuummmm...
Três.

Nos recompomos e podemos começar tudo outra vez.


Diogo Ramalho




segunda-feira, 24 de março de 2014

ões

Tudo ao redor é tão cinza,
Sem vida,
Sem cor,
Pessoas andando para baixo e para cima
Não se entreolham,
Não há amor.

A expectativa é uma ilusão
Moldada pelas incertezas que já viveu,
Sempre escolhendo o mais cômodo,
O desgastado presente conhecido.

Infelizes por opção,
O mundo é para quem nascer para ousar,
Não para quem tece teorias de meios e modos.

Passos adiante,
Passos adiante,
É isso que é importante.

Sempre nos aliando as “pessoas âncora” que nos fazem estagnar,
Confortável conformismo,
Sem necessidade de abusar das regras
E costumes do bom viver.

Jogue fora o que trava,
O que atravanca as novas empreitadas,
Sem medo discuta,
Pessoas burras ouvem tudo,
Mas por ignorância fingem não escutar.

Quantos que te rodeiam confessaram suas covardias?
Fortes e imbatíveis seres que quando só
Choramingam inconformismo com a vida que levam
E ao despertar reforça o negativo ainda mais.

Nada há de mudar,
Se os olhos não abrirem para o subliminar do mundo,
Nada há de mudar,
Se a mudança for só palavras soltas em ridículas propostas.

Nós damos os tons,
O ritmo e escolhemos a canção,
Se no fim a vida for só prejuízo,
O problemas foi de escolher a melhor opção.



Diogo Ramalho

terça-feira, 18 de março de 2014

Alma de papel

Sei que você quer rasgar minha alma inteira
Como um rascunho de papel que não ficou bom,
Tudo que você quer eu não sou,
Mas você não consegue largar-me
Pois o meu pior defeito é o que mais te atrai,
Minha estranheza em olhar dentro de você,
Inspira-te um hedonismo que não consegues controlar.

Sei que você quer acabar com sua necessidade de está ao meu lado
Por ser eu inspiração para seus piores atos,
Mas lhe acompanho no seu trilhar
E juntos ninguém pode nos dominar.

Somos o que chamam de unha e carne,
Mas essa unha encravou,
E sentes a dor de não se importar,
Só vivendo o que o impulso deixar.

Tudo que passamos
Só serviu para afastar-nos,
Distancia que não faz mal
Já que juntos não podemos ficar,
Mas mesmo assim tudo continuará lindo
E não haverá coração para maltratar,
Pois o que somos não tem palavras que possa explicar
E o que foi, e o que é, o que será não deve se apagado,
Tudo se tornando lindas canções
E versos que inspiram
O mundo que você irá sem medo abandonar.

Sei que quer...
Sei que você quer minha alma...


Diogo Ramalho


quinta-feira, 13 de março de 2014

Amo- te, ou Insistência sentimental, ou Amor que não se explica.




Amo-te,
Mas calo por não saber dizer,
Amo-te baixinho quando posso,
Quase um sussurro acompanhado de suspiros
Que revelam-se em minha alma aflita
E já não tenho mais receios ou algo para temer.

Amo-te
E mesmo que eu não possa amar,
Amarei-te às escondidas,
Como um bandido, fugitivo homicida que não vê a possibilidade da volta.

Amo-te
E muitas vezes reflito sobre a sanidade desse amor,
Amor em versos
Suaves e discretos.
As sombras de suas maiores vontades existo.

Trago comigo a lembrança de um beijo-fogo
E de sua alma junto a minha no esforço de tornarmo-nos apenas uma.
Megatons de versos explodem em minha mente
E não consigo transcrever nem 1% do que exageradamente sinto,
Pois meu amor não tem verbos que possa descrevê-lo.

Apenas sei que amo-te
Como um pássaro dá o seu salto de fé alçando vôo pela primeira vez.
Em minha costumeira e pacata melancolia
Sugiro que não se preocupe,
Pois o meu amar é meu
E não haverá promessas
Por nada poder prometer-lhe,
Apenas as irracionalidades de um sentir impulsivo
E cheio de afeto.

Amo-te
E vivo os meus dias comuns
E ao ter-te perto
Vejo-me envolto em dúvidas e luz
E assim meu peito se alivia de todas as dores do existir.

Amo-te
E não peço nada em troca,
Pois amar é isso,
Viver é isso,
Poesia é isso
E o resto são invenções para confundir-nos.
Amo-te
Como és, pois o que és encanta-me
E me faz querer mostrar-me como sou,
Fazendo de nós inspiração e poesia,
Nada além do que somos.

Amo-te
De forma descabida e despretensiosamente,
Sem buscar sentido ou explicações,
Apenas sinto em meu âmago
E deixo a essência do meu sentir fazer o resto.

Amo-te
E por tanto querer-te
Deixo que se vá,
Porque o amor é a liberdade de ir
E a surpresa do voltar,
A incerteza do conhecer
E o fascínio do experimentar.

Amo-te
E te amei não mais que de repente,
Como alguém que tropeça ou esbarra,
Como um estalo inaudível que ativa o querer do coração,
E há tempos trago comigo o sentir inconfundível,
O coelho lunar
E o sentimento infalível do amor original




Diogo Ramalho





segunda-feira, 10 de março de 2014

Domingo sem parque




Sol,
Nuvens brancas desfilam sua fofura pelo céu azul,
Um domingo nada especial.

Uma sombra aqui e acolá,
Crianças na água,
Algazarra e gritos de uma inocente alegria.

O sol com seu rosto amarelão,
Sorriso quente
E raios ultravioletas em ação.
Ardem,
Queimam.

A bronzeada pele que perambula sob o sol,
Nem há protetor,
Nem amor
Nos andarilhos “fitness” de domingo.

Sol,
Cachorros em seus sufocantes pelos correm
Com seus donos obesos,
Donos estranhos que curtem seus bichos
Como um hobby apenas de fim de semana.
Fulana tem um Pug lindo!!!
O doutor Asdrúbal tem um Mastim Tibetano!!!

Não gosto,
Mais preciso,
Eu quero!

Sol,
Nuvens brancas desfilam sua fofura pelo céu azul,
Exemplares de gente imbecil se vêem aos montes,
A cafona e velha família nuclear,
Indo embora cedo por ter compromisso com Cristo,
A missa dominical.

O sol indo embora,
Famílias nas missas,
Famílias submissas,
Famílias promiscuas.
Nuvens não tão brancas desfilam seu principio de fúria,
Escuras nuvens,
Fortes trovões.


Nada especial...



Diogo Ramalho

quarta-feira, 5 de março de 2014

Faz o jogo



Tua vida é uma bosta,
Sempre vive a reclamar,
Se soubesse que tem força, o poder ia derrubar.

Todos alienados,
Andando pro trabalho,
E no final do mês ao receber o salário
Fica contrariado,
Se sente um Otário.

Passou a vida toda
Com esperança no futuro,
Mas o futuro já chegou
E as coisas não mudaram muito.

Se preocupa com a política,
Sempre cheio de opinião,
Mas na hora de votar
Apóia o ladrão!

Tua vida é uma bosta
E vai ser sempre assim,
Enquanto querer ganhar dos outros
O que não foi dado pra ti.



Toma lá,. Dá cá.

Diogo Ramalho

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

O tempo



O cabelo por trás da orelha
As mãos passeiam de bobeira,
Os lábios se encontram por acaso
E há carícias e afagos para todos os lados.

A coisa vai ficando mais intensa,
O corpo que estava frio agora esquenta
E começamos a nos despir,
Sem por favor, nem com licença.
A voz abafada viram gemidos.

E as vibrações vão ficando mais intensas,
Você escolhe a posição e então senta,
Mundo de sensações a cabeça nem pensa.
Em ritmo agalopado ela arrebenta
E o vidro embaçado nos condena,
Entregando nossa ação para a lei que de longe espreita
Mas tudo em paz, sem confusão.
Gozo prolongado finaliza a consagração,
Ritual de carne, troca de energia, de dois corpos a união
E no fim o rompimento,
Maravilhosos são os momentos
E o tempo que tava devagar,
Volta ao normal o seu caminhar.


Diogo Ramalho

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Gibi





A minha vida é muito normal,
Não sou diferente,
Nem especial.

Vida chata
Nem deveria existir
Ou podia ser diferente,
Um ilustrado gibi.

Ser mutante
Para te exibir meu poder
Brincadeiras perigosas para te entreter.

Grande herói,
Ser o teu vingador
Salvando o mundo várias vezes só para ter teu amor.

A vida é muito normal
Se fosse diferente
Seria eu teu pirata espacial,
Viajar galáxias,
Conhecer planetas
E te presentear com as mais belas estrelas.

Voar distancias,
Ser teu Tocha Humana,
Quente,
Ardente
E assim colocar fogo em tua cama.

Sou teu herói
E tu minha força
E também meu ponto fraco.
Minha vida junto a tua desenhada em quadros.


Nada normal,
Nada normal...



Diogo Ramalho

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Quando me for

Quando me for por casualidades triviais,
Não deixarei posses para quem quer que seja brigar por elas,
Deixarei meus versos e isso me basta.

O que será lembrado de minha jornada?
Esbórnia em seus vários níveis.
Além disso, a insistência de amar errado,
Sempre escolhendo os enlaces mais complicados.

Amar errado?
Não existe erro em amar
Mas me impuseram a nomeclatura
Por não considerarem correto estar-se aberto as sentimentalidades..

Amor rápido,
Casual,
Arfam,
Toque
Um leve tomar de conta,
Quase posse,
De almas.
Eu,
Você...
Você...
Você...
Você...

Amei e não houve erro nisso,
Não existem categorias, subdivisões
E a vezes que não pude expressar-me como sentimental,
Senti-me frívolo.

Quando me for e não tiver tempo de deixar meus últimos pedidos,
Meu categórico e emocionado verso final,
Carregado de impressões da pós-vida,
Carregado de desapego
E de entrega a não-consciência.
Se me faltar esse tempo,
Prepare seus ouvidos,
Para meus gritos de delírios
Que exaltarão a ti até que me falte o ar nos pulmões
E o gosto seco na garganta que clamará por mais um suspiro,
Por mais um berro emotivo.

Quando me for,
Que venham as festas de encontro ao meu casulo morto
E a certeza que me vou tendo experimentado o amor original,
Bebido de várias taças
E versando apenas o que preencheu.

Quando me for saibam que tenho medo do que tanto exaltei,
Fugindo da teoria piramidal,
Por querer loucamente o começo
E rejeitar de forma desesperada o final.

Quando me for admitirei meu vício de está quase sempre enamorado
E de como isso motivou minha trilha
E de como sucumbi diante de cada dose cavalar de amor que tomei,
Sendo mal-visto por alguns
E mal falado em cochichos discretos.

Nunca temi dedos acusadores,
Quando eu me for esses dedos continuarão em riste
E meus versos atravessarão o tempo,
Além de nossos filhos
E dos filhos destes
E daqueles que julgavam,
Nada se saberá,
Nada.


Quando eu me for...



Diogo Ramalho


terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Perigos das cidades





Os perigos da alma e do coração me deixam para baixo
E levemente doente.
Necessito de uma cara nova para fugir disso tudo,
Preciso de um disfarce ao menos.

Se eu fosse você,
Viveria apenas suas alegrias,
Deixando para você apenas as tristezas e tormentos.
Ao confundir-me com você todos esses sentimentos,
Saio fora e arrumo outro disfarce
E alteram-se os momentos.

Como se fosse um casulo,
Apenas o casulo.
O mesmo corpo,
Mente duo!

Constantes conflitos internos,
A mente condicionando a nova situação.

O corpo é o mesmo,
Apenas o casulo
E mente duo.

Fugindo das pessoas
E suas cidades,
Para encontrar um novo eu,
Um novo elemento.


Protegido das dores do mundo,
Protegido dos males e de tudo!

Protegido!


Diogo Ramalho


quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Pessoas em filas




Pessoas em filas,
Espremidas em catracas,
Seguindo as mesmas filas diárias.

Seguem o rumo,
Seguem os rumos,
Segue o mundo.

A cacofonia incessante de vozes a reclamar,
Sempre aumentando os reclames,
Sempre mais um.

Pessoas em filas,
Chatos rodoviários
Incômodos bebuns.

Transporte aos pedaços.
Quebrou mais um,
Adiante mais um...

Pessoas em filas
Esperando um dia repetitivo.



Diogo Ramalho

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Areado




O coração pede calma,
Mas não tenho certeza se estou pronto para esquecê-la,
A dor faz lembrar-me que estou vivo,
Há dor...

Depois que esquecer-me,
Como querem que eu me sinta?

Feliz a espera de um novo momento?

Dá razão a minha certeza
Deixa-me desprotegido,
Alguém que definha junto
Ao amor que escorre ralo abaixo.


Tudo voltando ao seu normal,
Todos escondendo suas dúvidas
Enquanto arrisco-me!

Pede calma o coração que não agüenta mais,
Ilusões,
Fantasias que lhe vem de um lugar distante.

Em um universo paralelo talvez
As coisas tenham sido diferente.
Pensamentos que não podem moldar meu futuro,
As lacunas serão preenchidas pela poeira do tempo,
Devagar e constante.

E o coração não precisará pedir por nada.
Corpo são
E alma lavada!



Diogo Ramalho


sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Vou indo




Um ponto,
Outro ponto...
Partindo de um ao outro,
A vida é repleta de defeitos.

Acomodados com seus descontentamentos
Resmungam falácias
E se viram em dois, três...
Para fingir sorrisos
E ao dormir sonhar com o que não fez.

Imagine um dia em que se olhar no espelho
E do lado tiver mais que seu reflexo
E ele lhe encarar
E questionar sobre seus medos.

Medo de ser feliz por inteiro,
Medo de ouvir e de dar conselhos,
Medo da liberdade e seus segredos.

A realidade é um mundo sombrio
E falta a todos paciência
E alguns socos.

Procurando no fundo do guarda-roupa
A saída para algum mundo fantástico.
O que procuras está lá fora,
Está lá fora
E vão,
E vou,
E vamos...

Vou lá...


Diogo Ramalho


quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

A calma / acalma



Só ter calma irmão,
Você não está sozinho nessa,
A dor que machuca o peito não irá sumir fácil assim.

Esse sentimento agora incômodo também dói em mim,
Pois também perdi o frio na barriga e as mãos suadas,
Ela me deixou,
Assim como você perdeu alguém.

Vampiros emocionais tentam drenar o que me resta,
Minhas memórias
E meu tempo feliz,
Assim como farão com você.

Você observará pessoas passeando saltitantes de alegria,
Irá perceber milhares de casais felizes
E tudo parecerá tão distante
Que pensará que a felicidade nunca irá retornar,
Mas quando você menos esperar,
Ela vem.

Só ter calma,
A tristeza será real que quase poderá tocar nela,
Isolado em uma casamata abandonada,
Mas os raios de sol ainda sim penetrarão a escuridão trazendo um pouco de esperança.

Não fique confuso,
Não faça nada por impulso,
As conseqüências são reais,
Não se torne o monstro que esconde no fundo da alma,

As maldades parecerão aceitáveis,
Mas envenenarão
E o rancor irá crescer como um câncer.
Não é esse o sentido de fim.

Um dia tudo isso não parecerá nada demais,
O dia será igual aos de muito tempo atrás.
É só ter um pouco de calma rapaz!


Diogo Ramalho




segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

A vida perdeu mais um




E era como a dor,
Da ferida que não cicatriza
E o sangue misturado ao pus fétido,
Uma sensação de nojo
Afastam os narizes delicados
E vejo os urubus sobrevoando minha carcaça.

Como em uma dança da morte
Eles rodeiam meu corpo exposto,
Como uma dança infernal eles rodeiam minha carne
E como chuva descem todos,
Animais mal-cheirosos,
Rasgam a carne
E devoram cada vez mais,
Não há o medo da reação da presa.


E era como a dor!
Não haverá sobremesa.

E era a dança da morte!
Um balé aéreo
Que finda com um banquete do corpo novo,
Nu!

Rodeado pela morte alada,
Bicos afiados,
Sangue,
Tripas,
Gracejos reclamam por haver apenas um rim.

E não há terra no rosto,
Nem parentes e amigos
Velando o corpo morto.

O banquete dos seres alados,
Sem pressa,
Sem preces
E sem último recado,
As últimas palavras foram uns palavrões mal pronunciados.


E era como a dor de não ser casulo,
Apenas um corpo sem valor nenhum.
Do material ao surreal sem uma explicação formal.

O ciclo alimentar devorou mais um,
Na revoada da morte,
O prato principal,
Revoada de partida,
Cheios, empanzinados.
A dor do morto na barriga de cada um.


Diogo Ramalho



quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Da série: Poeta Vs Amor




Eis o caso do poeta que abandonou o que lhe machucava.
O poeta que largou o amor
E de braços dados com a paixão fugaz virou um delinquente.

Roubando beijos,
Corações
E amores furtivos.

Mandando balas de menta pela garganta,
Sufocando moças com abraços quentes e apertados,
Caindo em espasmos,
Espasmos...

Gemidos....


Diogo Ramalho




Vivo e alado



Aos sons das gotas que caem devagar na chuva do fim de tarde,
Tento manter-me seco,
Mas me impulsiona a vontade de está sob a chuva.


Já não há mais frio,
E escorrem gotas pela juba quase molhada,
Poças,
Pés e água descendo pela sarjeta,
Os sapatos atiro ao ar,
E pisar no chão molhado me faz melhor.


E no alto vejo os raios desse suposto deus,
E me sinto livre,
Sem poder voar,
Já não me importo muito,
Com os que ficaram para trás.


Os sons estão cada vez maiores,
Um estrondo anormal,
E posso afirmar que deus desceu.


Gotas e um vento frio,
Água escorre pela sarjeta
E o brilhante corpo
Já pode voar.


Os que não viram,
Duvidaram do poder de voar
E nas nuvens acima da chuva fui morar.




Diogo Ramalho

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Durepox



E nunca mais irá se quebrar o coração,
Já há pedaços muito pequenos para remendá-lo novamente,
O amor nas mãos
E o coração esperando o superbond.
Durepox para rejuntar onde faltaram alguns caquinhos,
E se eu respirar fundo ele quase dói.

Não será a primeira vez,
Não será a primeira vez,
Que em pedaços me quebro.

Não será a primeira vez,
Nem a última.

Substituto coração rejuntado
Que reinicia em um palpitar fraco e frio,
Conseqüências do excesso emotivo.

A vida é feita de perdas,
Ganhar é o acidente da atenção,
Distração que dá o gostinho da vitória
E depois se deixa levar por conta da dispersão.

Não será a primeira vez,
Não será a primeira vez
Que em pedaços me quebro.

Nem a última!


Diogo Ramalho


sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Velho rabugento




Quando nasci não me disseram tudo que iria acontecer,
Era tudo belo e simples,
Tudo era surpreendente para mim,
Mais aí cresci e tudo foi ficando sem graça
E cheio de problemas, ruim.

Hoje sou velho
E não gosto do que sou,
Um velho rabugento que depois de adulto nunca sonhou.
Podado pelas pessoas sem coração,
Adultos frustrados invejando os sonhos alheios,
Boicotando os desejos do outros por não conseguirem mais sonhar.

A casa hoje vazia,
Já foi cheia e alegre,
Mas todos se foram,
Sobrando apenas eu,
O velho rabugento.

Minha vida é de lembranças
E tenho a esperança de que tudo vai mudar,
Netos e bisnetos invadirão minha vida.

Mas hoje sozinho,
Remôo o meu passado.
O tempo me fez pensar,
Tudo que perdi,
E tudo que evitei ganhar.

Resmungos
E maus modos,
Sou o velho que fura a bola,
Só de raiva.

Não serei bom para o mundo que não foi tão bom
E repasso minha herança em versos desaforados,
Conversas que evito
E futuros que atrapalho.

Sou o velho rabugento,
Rabugento!!!

Mantenha-se fora de minha propriedade!



Diogo Ramalho

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Hei garoto



Hei garoto,
Perdeu um grande amor,
Hei garoto,
Não se incomode.
O céu continuará azul,
As pessoas continuarão a viver
E ninguém se importará se você sofrer.

Hei garoto,
Ficar sozinho não é tão ruim,
Hei garoto,
Enxugue essas lágrimas
E volte a viver
O mundo não para,
Para nos sofrermos
E no jogo da vida errado e se render.

Hei garoto,
Amar não é errado,
Hei garoto,
Se seu coração foi feito em pedaços,
Não se desespere,
Faça um mosaico.
Porque nem tudo está acabado
E nessa onda de sentir demasiado
Somos parecidos
E o que tiver de acontecer no futuro está guardado.

Diogo Ramalho



quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

As sombras



Conto aos meus amigos,
Sobre tudo que posso ver,
Tenho tempo e um drink,
Tenho tempo e histórias.

Basta sentar-se e esperar,
Não cairão novidades do céu,
Não haverá amor sem entrega.

Não há para onde ir
E mesmo assim todos tentarão fugir.

Porque todo mundo precisa tomar uma posição
E não haverá tempo de escolher quando for tarde demais.

Minha mente está no escuro,
As trevas não me deixam ver,
O mundo coberto de sombras,
Um mundo que não me deixa amar,
Não se encontra o amor nas sombras,
Escondendo afeto de mim e de você.

Amanhã a vida será um pouco menos interessante
E não haverá passeios pelo campo,
E sempre teremos uma lágrima para derramar.
A vontade de se libertar dependera do tamanho de sua coragem para romper as correntes
E se soltar de sua cela.

O mundo coberto de sombras,
Um amor que não se compra,
A vida toda cercada de sombras,
Da felicidade que nunca veio.

Aos meus amigos não interessam histórias,
Todos acreditando apenas no que conseguem ver.
Tempo que voa
Álcool que entorpece,
Tempo apenas para afetos ligeiramente efêmeros.

Sem amores,
Um cara solitário a se enganar,
Não há mais tempo para o amor,
E acomodados choram baixo,
Para ninguém ver ou ouvir.

Sem ter para onde ir,
Eu vejo o tempo se perder
E pessoas confusas.

As trevas nos cercam,
O mundo coberto de sombras,
Cegos pela escuridão dos que não amam,

Hoje palavra fácil,
Mas voa apenas quem vê a luz que desafia as sombras
E não haverá mais sombras
E cessarão as guerras,
Momento de uma nova era,
As bestas longe do sentir.

Sem sombras,
Sem sobras.




Diogo Ramalho