domingo, 27 de setembro de 2009

Adultecer


Onde escondemos a vontade insaciável de sermos um só?
Nossas bocas se perderam na escuridão do quarto,
Quando de repente se encontram se entregam a um beijo sofrido e sem vontade.
Em meu peito uma dor aguda se faz sentir.
Sobram perguntas,
Mas hoje em dia as respostas andam tão escassas.
Busca incessante por sentimentos novos,
“Isto fica feliz em ser útil!”
No meio da tempestade surge um furacão,
Que revira minha vida e meus pensamentos,
Ando a reparar as atenções que tem para com os outros,
Mas o que me deixa maravilhado é viver um dia após o outro,
Observando assim a roda do tempo que insiste em girar.

Sou fruto de nossa história,
O raiar do dia me vem como o trinar de todas as aves invernais,
Me lembrando que acordo solitário mais uma vez.
Ando me acostumando a viver sozinho,
Saudade eu sinto,
Mas não há forma de matar essa dor que me invade o coração.

Nos perdemos nos caminhos tortuosos do adultecer,
Encontrando vários habitantes de diversos umbrais,
Aos poucos sei que meu corpo se acostumará com as feridas que eu abri,
Não se incomode com meus pés,
Não vou esperar por tanto tempo,
Meus pés não farão calos na minha nova caminhada.

Onde escondemos?
Onde?
Não sei,
Você talvez não saiba também.

E assim ficamos cada um caminhando sozinho,
E o rio segue sua jornada,
Derramando suas lágrimas no mar,
Eu sem seguir o exemplo enxugo meu pranto aos pés do mar.
Morto!



Don Diogo Ramalho

Cabresto do cão


Abrir os olhos e pensar por vontade própria,
Levantar e olhar a cama meio desarrumada,
Um quarto quase vazio,
Um sonho quase real,
Uma cadela no cio,
Um encanto mais que sexual.

Matando minhas esperanças,
Uma forca feita de rendinhas.
Largo o último fio de esperança
E me jogo no caos da realidade.

Um coração palpitante
Não chama mais por seu nome,
Ele agora entoa sambas tristes
E pianinho.

Largo meus planos,
Meu mundo,
Minha vida e me mudo para dentro de um tal Diogo.

Explorar os pensamentos escorregadios de um poeta sem fé,
Perdendo a confiança no amor e nos amigos de longa data.

Cortando o fio que me mantém vivo,
Cortando o fio da historia
Cortando o fio de ligação.

Ressentimentos?
Claro,
Meus sentimentos ruins nunca estiveram tão latentes
E isso me dá medo.

Uma gota negra mancha meu coração.



Don Diogo Ramalho