quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Da série: Poeta Vs Amor




Eis o caso do poeta que abandonou o que lhe machucava.
O poeta que largou o amor
E de braços dados com a paixão fugaz virou um delinquente.

Roubando beijos,
Corações
E amores furtivos.

Mandando balas de menta pela garganta,
Sufocando moças com abraços quentes e apertados,
Caindo em espasmos,
Espasmos...

Gemidos....


Diogo Ramalho




Vivo e alado



Aos sons das gotas que caem devagar na chuva do fim de tarde,
Tento manter-me seco,
Mas me impulsiona a vontade de está sob a chuva.


Já não há mais frio,
E escorrem gotas pela juba quase molhada,
Poças,
Pés e água descendo pela sarjeta,
Os sapatos atiro ao ar,
E pisar no chão molhado me faz melhor.


E no alto vejo os raios desse suposto deus,
E me sinto livre,
Sem poder voar,
Já não me importo muito,
Com os que ficaram para trás.


Os sons estão cada vez maiores,
Um estrondo anormal,
E posso afirmar que deus desceu.


Gotas e um vento frio,
Água escorre pela sarjeta
E o brilhante corpo
Já pode voar.


Os que não viram,
Duvidaram do poder de voar
E nas nuvens acima da chuva fui morar.




Diogo Ramalho

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Durepox



E nunca mais irá se quebrar o coração,
Já há pedaços muito pequenos para remendá-lo novamente,
O amor nas mãos
E o coração esperando o superbond.
Durepox para rejuntar onde faltaram alguns caquinhos,
E se eu respirar fundo ele quase dói.

Não será a primeira vez,
Não será a primeira vez,
Que em pedaços me quebro.

Não será a primeira vez,
Nem a última.

Substituto coração rejuntado
Que reinicia em um palpitar fraco e frio,
Conseqüências do excesso emotivo.

A vida é feita de perdas,
Ganhar é o acidente da atenção,
Distração que dá o gostinho da vitória
E depois se deixa levar por conta da dispersão.

Não será a primeira vez,
Não será a primeira vez
Que em pedaços me quebro.

Nem a última!


Diogo Ramalho


sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Velho rabugento




Quando nasci não me disseram tudo que iria acontecer,
Era tudo belo e simples,
Tudo era surpreendente para mim,
Mais aí cresci e tudo foi ficando sem graça
E cheio de problemas, ruim.

Hoje sou velho
E não gosto do que sou,
Um velho rabugento que depois de adulto nunca sonhou.
Podado pelas pessoas sem coração,
Adultos frustrados invejando os sonhos alheios,
Boicotando os desejos do outros por não conseguirem mais sonhar.

A casa hoje vazia,
Já foi cheia e alegre,
Mas todos se foram,
Sobrando apenas eu,
O velho rabugento.

Minha vida é de lembranças
E tenho a esperança de que tudo vai mudar,
Netos e bisnetos invadirão minha vida.

Mas hoje sozinho,
Remôo o meu passado.
O tempo me fez pensar,
Tudo que perdi,
E tudo que evitei ganhar.

Resmungos
E maus modos,
Sou o velho que fura a bola,
Só de raiva.

Não serei bom para o mundo que não foi tão bom
E repasso minha herança em versos desaforados,
Conversas que evito
E futuros que atrapalho.

Sou o velho rabugento,
Rabugento!!!

Mantenha-se fora de minha propriedade!



Diogo Ramalho

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Hei garoto



Hei garoto,
Perdeu um grande amor,
Hei garoto,
Não se incomode.
O céu continuará azul,
As pessoas continuarão a viver
E ninguém se importará se você sofrer.

Hei garoto,
Ficar sozinho não é tão ruim,
Hei garoto,
Enxugue essas lágrimas
E volte a viver
O mundo não para,
Para nos sofrermos
E no jogo da vida errado e se render.

Hei garoto,
Amar não é errado,
Hei garoto,
Se seu coração foi feito em pedaços,
Não se desespere,
Faça um mosaico.
Porque nem tudo está acabado
E nessa onda de sentir demasiado
Somos parecidos
E o que tiver de acontecer no futuro está guardado.

Diogo Ramalho



quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

As sombras



Conto aos meus amigos,
Sobre tudo que posso ver,
Tenho tempo e um drink,
Tenho tempo e histórias.

Basta sentar-se e esperar,
Não cairão novidades do céu,
Não haverá amor sem entrega.

Não há para onde ir
E mesmo assim todos tentarão fugir.

Porque todo mundo precisa tomar uma posição
E não haverá tempo de escolher quando for tarde demais.

Minha mente está no escuro,
As trevas não me deixam ver,
O mundo coberto de sombras,
Um mundo que não me deixa amar,
Não se encontra o amor nas sombras,
Escondendo afeto de mim e de você.

Amanhã a vida será um pouco menos interessante
E não haverá passeios pelo campo,
E sempre teremos uma lágrima para derramar.
A vontade de se libertar dependera do tamanho de sua coragem para romper as correntes
E se soltar de sua cela.

O mundo coberto de sombras,
Um amor que não se compra,
A vida toda cercada de sombras,
Da felicidade que nunca veio.

Aos meus amigos não interessam histórias,
Todos acreditando apenas no que conseguem ver.
Tempo que voa
Álcool que entorpece,
Tempo apenas para afetos ligeiramente efêmeros.

Sem amores,
Um cara solitário a se enganar,
Não há mais tempo para o amor,
E acomodados choram baixo,
Para ninguém ver ou ouvir.

Sem ter para onde ir,
Eu vejo o tempo se perder
E pessoas confusas.

As trevas nos cercam,
O mundo coberto de sombras,
Cegos pela escuridão dos que não amam,

Hoje palavra fácil,
Mas voa apenas quem vê a luz que desafia as sombras
E não haverá mais sombras
E cessarão as guerras,
Momento de uma nova era,
As bestas longe do sentir.

Sem sombras,
Sem sobras.




Diogo Ramalho