segunda-feira, 26 de agosto de 2013

As possibilidades de meus versos



Versos para a musa que inspira,
Depois beijos e versos recompensados,
Mas isso é uma mentira.
Não é assim comigo.
Não há a quem deixar meu legado,
Garranchos em papeis amarelados,
Devorado por formigas,
Ou traças,
Ou formigas e traças, junto com cupins.

Pedacinhos pequenos,
Com carinho recortado pelas presas dos insetos,
Um verso,
Uma estrofe,
Uma folha inteira.

Não importa,
Já que nunca poderei entregar-me,
E o erro foi meu mais uma vez.

Sou só sonhos,
Vivo um sonho,
Mas tenho sonhado um sonho que me é estranho,
Um sonho que não me pertence.

Versos,
Meus versos,
Sem musa é impossível,
Como escrever um livro sem verbos.
Cadê a musa de meus versos?
Cadê aquela que só de ouvir a voz,
Meu coração salta no peito,
Que me faz ouvir uma canção suave,
Que é tão presente em meus pensamentos de fim de tarde
Que ela quase se materializa.


Sigo a escrever sobre aquela,
Que existe apenas nos meus mais singelos rabiscos poéticos,
Sem esperar,
Pois o tempo nos consome no fardo da espera,
E há em meu espírito uma centelha que
Traz-me esperanças e descarta velhas idéias.

Sou o sonho de todos os Romeus perdidos,
A flauta doce que toca fantasias em Fá sustenido.
O sorriso discreto para a dona de meus versos mais bem escritos.

Sem musa é impossível...
E no meu peito o amor invade,
Enchendo minha alma e se libertando através de um grito,
Que insulta os ouvidos daqueles que vêem o amor como algo a ser reprimido.

Sem musa é impossível...
Impossível...



Diogo Ramalho

Nenhum comentário: