segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Ainda há




Nada mais resta de mim,
Não há nada para se falar,
Preocupa-me apenas uma música e um baseado,
E o mundo se esgueira por debaixo dos automóveis estacionados nas estrelas.

O amor realmente sem fim,
O cheiro a agradar,
E as pessoas com seus pertences guardados,
Teia!
Armadilha,
Pensamentos castrados.

Não se pode mais amar,
Acendo mais um baseado,
O mundo me quer calado
E aos que apenas enxergam deixo minha voz,
Minha canção.

Devoram meu coração,
Sorvendo dele o amor,
Perigo pouco é bobagem.

Devoram meu coração,
Aplicam-lhe uma injeção
E anestesia a depressão
E o vazio invade.

Outros como eu virão
E não haverá
Como subjuga-lo,
Versos mostrando a verdade.

Não vão derrubar a casca,
Vou para a batalha,
Não vou me vender por ilusão.

Vou espalhar os restos de sentimento que transbordam em meu coração.
Os homens e seus meios,
Nenhum irá conseguir
Vim até onde cheguei,
Só pode chegar
Os que têm no coração a nobreza de um rei.


Ainda há amor!


Diogo Ramalho


sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Bobagens


Foi naquele instante em que te vi sair pela porta que me apaixonei,
Sua figura bela e imponente,
Cabelos levemente balançando ao vento
E um caminhar despretensioso que me hipnotiza com suas ancas indo para lá e para cá.
Foi naquele instante,
Quase surreal.
No instante que seus olhos cruzaram os meus e um sorriso indecifrável surgiu em sua face doce.
O mundo ao meu redor desaba
E há apenas uma preocupação,
Só quero você!

Foi no instante em que te vi ao meu lado,
Conversas amenas e o cigarro nos lábios
E eu fingindo não está com coração apertado,
Feliz apenas por está ali,
Extasiado!

Foi no instante que me encontrei apaixonado
Que tive de fingir,
Pois o amor é forte e tudo que sinto tenho de dividir,
Antes que a inveja e pessoas negativas resolvam destruir tudo que eu resolvi sentir.

Foi naquele instante,
Há poucos meses,
Foi naquele instante,
Há vários anos.
Foi naquele dia...
Que eu nem te conto!

Queria chegar à porta de tua casa e bater palmas
E quando você aparecer te dizer: Vem! E assim nos perdemos
Sem nos preocuparmos com ninguém,
Pois por um tempo ínfimo me sinto amado.
O palpitar cada vez mais acelerado.

Há se fosses minha
Eu te entregaria tudo que aqui dentro palpita,
E reviraria sua vida com versos, trovas e rimas.

Foi naquele instante,
Que sozinha
Chorou ao ser tocada,
Foi ali que entendi a força da palavra
E me vi apaixonado.

Seu rosto,
Seus seios,
Seus lábios,
Seu gosto...


Um coração poderoso,
Dono de uma fúria incontrolável,
A minha rainha dos descontentes
E sentes, eu sinto,
O sentimento que apenas nós entendemos.
Sem receio,
Alheio.


Disfarço para não perturbar o meio
E assim sigo amando,
Pois esse é meu maior desejo.

Foi naquele instante,
É toda vez que te vejo,
O sentimento renovado
E a saudade de seus beijos.



Diogo Ramalho

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Pulo no vão




O que aconteceu com o meu reflexo?
Já não o reconheço,
Será que sou o monstro que apontam e apenas eu não vejo?
Um anônimo triste e sozinho,
Mendigando pelas ruas qualquer tipo de carinho.

Não há coração que me carregue,
Minha melhor lembrança é uma foto que foi roubada.
Já não pulo alegre por sua aparição e
Minha felicidade é tão frágil que um vento forte,
A levará longe.

Vivo na eterna despedida,
Pessoas que mal chegam já estão de partida
E meu coração aflito apenas pede para não sofrer mais por ninguém,
Já não suporta mais palavras de adeus.

Não suportando a tortura das manhãs,
Um dia a mais para pensar em você,
Um dia a mais para se esquecer.

O carrasco que o futuro dará cabo antes de eu perecer,
A intrigante curiosidade daquele que não quer mais viver,
Se entregar e vencer,
A vida que não faz questão de ter.

Caminha sozinho,
Com seus ruidosos passos noturnos,
Ao encontro da dama de ossos,
Que espera com satisfação
Aquele que se entorpeceu de sentimentos como se fosse ópio.

Ele a encontra e abraçados
Caminham para o outro lado,
O sorriso no rosto revela,
Que o mundo não era o que se esperava,
Sempre destruindo os sonhos daqueles que de alguma forma prospera.

Com minha nova dama sou todos sorrisos
E nunca mais ficarei só,
Amante de minha dama, meu algoz.


Diogo Ramalho


Tudo é felicidade




E ele não viu,
Quando percebeu-a estava ali,
Linda,
Como a inspiração que sempre esperava,
A surpresa que não aguardava
E ela embriagou-se dele
E ele sorveu todo o desejo dela.

Minha branca encantadora,
Que nosso enlace seja duradouro
E que seja eu melhor que os versos que dedico agora a ti.

Envolve-nos a densa fumaça branca que relaxa as tensões,
Enquanto rimos
E aumenta a freqüência e altura dos gemidos.

O poeta viu,
As estrelas nos seus olhos,
O afeto de sua alma.

Conto pintas como quem aponta o céu,
Sem preocupar-se em nascerem verrugas.
O que quero é ser sempre, sempre melhor de agora em diante,
O amor batendo na porta
E todos correndo para atender a enorme felicidade.

O poeta achou a sua pequena vibrante,
Aquela que será a musa admirável
E assim teremos mais versos, rimas e tal,
Só muita felicidade.

Ela é felicidade,
Ele é felicidade,
Felicidade a todo instante!


Diogo Ramalho


sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Ahab Fry ou From hell



A noite escura e sem lua,
O vento frio a soprar,
O uivo triste dos cães
É a canção sem refrões
Que toca ao fundo.

Morre a noite mais uma vez
E surge a luz do astro rei.
Escuridão,
Necessito.
Escondo-me do dia
Como o diabo da cruz
E jorro-me pelas ruas a noite
Como uma ferida a derramar pus.

Espreito, persigo e devoro
E as lâmpadas falhas acobertam minha fuga.
Noite após noite,
Sangue, horror e fome saciada.
A noite somos demônios a solta
E deus é a piada.


Vôo por sobre as casas,
Piso leve como uma pluma
E sigo como uma sombra a donzela nervosa.
Um passo...
Dois passos...
E no terceiro já estou alimentado.

Em minha arrastada vida
Não há novidades
E quando entediado
Ataco por perto,
E os imbecis mortais apavorados perseguem-me,
O demônio alado que para não ser capturado muda de ares
E em outros lugares sofrem as mães
Por seus bebês devorados.




Diogo Ramalho

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Era outra vez...



Era outra vez...
...Um poeta triste,
Que ainda achava não haver versos mais dolorosos que os seus,
Mas às vezes ele escrevia versos alegrinhos.
O motivo de ainda possuir tristeza era uma nova moça alva,
E por ela: Amou, escreveu e disse um adeus,
Quase como um até breve.

Resolveu o poeta então perambular pela floresta dos desejos mundanos,
Etilicamente nem se distraia mais
E a erva continuava a lhe abrir as portas da percepção.
E continuava impaciente o coração poético.
Um coro de uma infinidade de gente grita:
Distração pra alma é outra paixão
E volta o poeta a sua saga de beijos e corpos,
Mas o amor que conhecerá é o que almejava.
Mais não podia prová-lo
E assim seguia a sina
De viver sozinho e amando afastado.



Diogo Ramalho

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Poesia para poesia



A poesia me alivia,
Todas as dores e mágoas ela anestesia.
O céu me abençoa
E a casa não é mais fria,
Os versos me enchem a alma de vida,
É isso que me propicia a poesia,
Cura cicatrizes as rimas que brotam da mente efervescente
E aos poucos evolui o espírito,
Expurga o que contamina.

Versos tranqüilizadores,
Verbos antidepressivos,
Essa é minha poesia,
Que vem forte,
Vibrante e cheia de energia,
Que faz-me erguer
E enfrentar mais um maravilhoso e estranho dia.



Diogo Ramalho

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Ciclo viciante de inspiração



Gostaria que não existisse o intervalo do salto,
Que ao pular instantaneamente já me encontre lá embaixo,
Um instante de dor
E depois o silêncio.

Que meu espírito ludibriasse a morte 
E ficasse a vagar sem sentido
Ficando longe da decisão,
Fuga do julgamento pelo onipresente deus cristão.

Só quero que não ajam normas repressoras
Que nos molda como estúpidas figuras conservadoras,
Existindo pela necessidade de está vivo,
Se sentir vivo.

De ser regido pela simplória necessidade de exprimir o que se sente.
Valorização do emocional em um mundo que se mostra carente de forma crônica.

Empatia,
Empatia.

Reconhecendo-se naquele que até outro dia não existia.
Eu não quero ter a sensação da queda,
O chão crescendo lá embaixo
E eu seguindo em linha reta,
O vento forte, o corpo leve sem pára-quedas,
Frustrado pela forma que a sociedade opera.

Som seco,
Baque forte,
Jorram...

Um Instante de dor
E depois o silêncio.


Diogo Ramalho

Poesia inspirada na poesia feita pela Sueli Martins, que se inspirou  ao ler este blog. 
Assim nada melhor do que esses versos terem o nome de Ciclo viciante de inspiração.



quarta-feira, 11 de setembro de 2013

A pedra



A pedra que foi,
Voltou,
Voltou, voltou...

A pedra que foi,
Voltou, voltou...

 A pedra que foi,
Voltou,
Acertando em cheio a cabeça do idiota que a arremessou.

Jogou em ângulo reto,
Para cima,
Direto.

Descendo na mesma velocidade que foi,
E o imbecil espera,
O retorno da pedra.

A pedra que foi,
Voltou,
Voltou, voltou...

A pedra que foi,
Voltou, voltou...



Diogo Ramalho

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Dual


Afasto-me,
Dou dois passos para trás e deixo que a vida siga seu curso,
Pulo fora por não suportar a amorosa convivência.
É a presença,
O abraço
Nem precisa ser recíproco para eu embargar a voz.

Afasto-me,
Como que cortando a própria carne,
Uma paixão impedida por um impasse.
Quero está lá
E ela seria meu céu,
Mas meu desejo infantil
Não encontra estrada para trilhar.

Afasto-me,
Para que longe não precise nutrir sentimento,
Infelizmente a vida é assim
E eu só sigo o rumo que ela dita,
Algo triste ao passar comigo se esbarra.

Afasto-me,
Pois minha visão do mundo não é tão clara,
Não quero acordar pra realidade com um tapa na cara.
Protela,
Pois tudo que sinto não compartilho,
Não há o que falar, pois a palavra na garganta entala.

Afasto-me de você,
Não há fotografias para recordar,
Evito os seus olhos,
Para não lhe contar a verdade,
E ao perguntar-me sobre o que passa,
Digo: Só estou cansado!

Em meu peito
Dói a inexplicável necessidade de ser feliz.
Abriu-se as cortinas do universo
E ele não conspira para mim,
Hoje fico vermelho
E não sei por quê.


Afasto-me...
Afasto-me de você...
Forte como um diabo tento mentir,
Mas minha boca não ousa dizer
Que eu amo você!
Eu amo você!
Eu amo!!!



Diogo Ramalho

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Todos só querem sexo



Sexo...
Sem compromisso,
Sentimento é algo reprimido.
Coito só pra distrair,
Falar em sentimento
É algo que não pode existir.
Assusta,          
Essa é a reação,
De qualquer envolvimento que se torna relação.

Sexo é complemento,
É bom, super gostoso,
Mas o que vale mais é o momento.

Sexo...
Não é o principal,
É algo instintivo,
Não diferindo do animal.

Desvalorização do ato nobre de sentir,
Coito só por distração,
Não importa a necessidade que envolve o coração.

Sexo...
Coito...
Foda...
Trepada...
O nome não importa se a relação não vale nada.


Diogo Ramalho


quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Conversa de vagabundo




Se eu pudesse encontrar
Um lugar onde minha poesia fizesse todo o sentido,
Onde todos gritassem a plenos pulmões o amor reprimido.

Tentam subverter minha ordem natural,
Injetando no meu espírito falsas necessidades
E distraindo-me das verdadeiras prioridades.
Não vivo sem meus versos,
Espalhar fragmentos do que sou
É meu papel nessa caótica obra existencial.

O capital rejeita o emocional,
O capital nos quer único, individual.
O capital não gosta de poesia,
O capital não quer versos.

Ele quer verba,
Baixos custos,
Grandes lucros.

Vivo em função de minha essência poética
E qualquer coisa que me desvirtue do que tenho de melhor,
Me deixa deprimido,
Sem sentido,
Desnorteado.

Sou dependente da minha veia poética
E circula forte o sangue versado,
O capital não quer versos.

O capital não quer versos
E sem meus versos o poeta rejeita a vida.




Diogo Ramalho

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Perdendo Espaço



O cerrado perde espaço para o asfalto,
Árvores derrubadas para passagem de cavalos de aço.
O cerrado perde espaço para o asfalto,
E sua resistência é um grito abafado em um espaço reservado.
O progresso vem chegando de mansinho,
Pedindo espaço e devorando vidas,
Um Bioma inteiro a ser degradado.
E ainda dizem por aí que somos civilizados.


O cerrado perde cada vez mais espaço
E suas belezas são memórias distantes
Em velhos cartões postais.
Espaço, espaço, não é somente nós que precisamos de espaço,
Não há ser vivo que consiga viver enclausurado.


O cerrado anda perdendo espaço.
Para o asfalto,
Depois de irmos embora, plantas romperão o asfalto,
A terra livre
E nos não precisaremos de sapatos.
Mas o problema é que agora,
O cerrado perde espaço para o asfalto.


Diogo Ramalho

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Suave na nave



Se eu fosse louco como dizem por aí
Com você eu fugiria
E deixaria para trás as conseqüências de minha sentimental anarquia .

Se eu fosse louco realmente,
Não resistiria a sua delirante presença
E sem me importar lhe beijaria com toda devoção de meu corpo e entrega da minha alma.

Se eu fosse louco,
Só se eu fosse...


Se eu fosse louco,
Te contaria que ao te ver violinos reverberam em minha cabeça
E ao dormir sempre dou uma boa noite para o anjo mais lindo que sempre me acompanha.

Se eu fosse louco faria da minha vida uma extensão da sua
E viveríamos a felicidade um do outro em anexo.
Mas só se eu fosse louco...


Se eu fosse louco,
Eu queria tudo de novo,
Minhas mãos, sua boca e o nosso espírito aventureiro.

Como queria ser louco,
Teria vinte duas desculpas para explicar a situação,
Palavras que não farão sentido,
Mas que são partes desconexas de minha versão.
Não sabendo se meu julgamento é algo são.

Pessoas comuns se dizem normais,
Mas são loucas,
Todos preocupados com dinheiro, status, acessórios e roupas.

Que eu seja louco,
Que eu seja,
Se fosse louco com você eu fugiria.
Fugiria e te mostraria o meu universo,
Minha louca alegria.

Se eu fosse louco...

Diogo Ramalho