quarta-feira, 6 de março de 2013

As aventuras de Dumbo




Uma breve caminhada,
Um telefone público
E um coração palpitando
Em ritmo cada vez mais acelerado,
Uma rápida olhada no papel de pão riscado a caneta
E o indicador começa o serviço,
Operadora, código da cidade, número do telefone.
No Brasil existe burocracia até para dizer alô!
Silêncio e um toque, silêncio e outro toque,
Silêncio, um barulhinho bem baixinho ao fundo.
Será alguém?
Será um alô?
Na dúvida pergunto.
Alô... Alô... Alô?
Uma voz suave e doce responde
Depois da formalidade das apresentações
E o espanto, do lado de lá.
Do lado de cá,
Timidez, alegria, um coração transbordando
Em sentimentos misturados.
Conversa vai, conversa vem,
E versos embelezam os cabos de fibra óptica da operadora local.
No fim, agradecimentos, palavras de carinho de lá e de cá.
Despedidas, um tchau.
O caminho de volta tem um sabor de dever cumprido,
Com um gostinho de conquista e uma pitada de flerte,
Mas no fundo é algo como um bem querer.
A rua de minha casa está deserta e a desço com um sorriso
Estampado no rosto,
O vento gelado bate e não sinto frio,
Um carro buzina pedindo passagem a um transeunte distraído.
Tiro as chaves do bolso,
Abro a porta que faz um barulho que denuncia minha chegada.
Sento no sofá e me pego sonhado com o depois.
O que aconteceu depois que ela colocou o telefone no gancho?
E o que lhe vai à mente?
Será se foi exagero de minha parte?
Não!
O que ficou guardado no coração?
O que pensa ela de mim agora?
Fora o medo do erro em mim
Só há o sentir, o agir, o querer
E a vontade de estar com a musa de meus versos.
Hoje o orelhão da esquina foi à espada e o instrumento
Da velha e boa poesia.

Diogo Ramalho 

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