terça-feira, 12 de julho de 2016

Teatro de Homens e Cordas


Era uma vez...
Lá nas terras de Siridó...
Um jovem raquítico
Que quase morreu no parto
E ao nascer
Foi secamente rejeitado pela mãe.
Viveu de porta em porta,
Debaixo dos tetos familiares,
Era o rejeitado,
O filho do coisa ruim.

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Ainda criança foi por demais castigado,
Pela vida, pelo mundo.
Por Deus?
Até que em um dia
A mágica aconteceu,
Era um dia completamente novo,
Algo lhe dizia que depois daquele dia
Tudo mudaria.

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Acontece que um dia ele transformou
A mentira em verdade,
Imagina só...
Em verdade...
Certeza absoluta,
Absolutas.
Aprendeu a língua dos donos do mundo,
Aprendendo também
Como colocar cada pessoa na sua devida casa do tabuleiro.

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Em pouco tempo levantava as massas,
Com seu jeito de pobre coitado,
Cachorro pidão.
Correndo o mundo com seus Bonecos,
Palco, cenários especialmente construídos
Para as apresentações.

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Até que um dia no meio de uma grande apresentação,
Onde havia Coronéis e seus subordinados
E os rebanhos reunidos.
Era a hora de mostrar seu valor para os grandes que lhe pisaram,
Mas mal sabia ele que uma traça há pouco tempo
Havia instalado residência nos seus pertences
Escolhendo morar em suas caixas de bonecos,
Servindo-se fartamente de um banquete
De cordas de marionetes.
Lá fora tudo já estava pronto,
E ao colocar seus bonecos pendurados
Para o espetáculo,
Todos caíram no chão,
Como que por encanto,
Todos acabaram ganhando vida,
E erguendo-se de um por um,
Correram pela coxia,
Pulando na platéia, derrubando os Coronéis
Saindo do teatro da praça
E sumindo.
Mundo adentro.

E o manipulador a sorte de novo o abandonou!


Diogo Ramalho

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