terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Ciclo sem fim



É noite,
Pais de família sentados no sofá,
Mães deitadas em suas camas espiando a novela.
Todos desmotivados,
Pensam apenas em descansar
Para
o que está por vim.
Para o dia que vai chegar.
Ciclo que jamais cessa,
Não se fica direito em casa,
Não vê os filhos,
Não cuida de nada...
Apenas trabalho,
Apenas retalhos de uma vida
Mal vivida.
Acham que felicidade é um brinquedo caro exposto na vitrine,
Crianças babam o vidro
Enquanto o filho de alguém mais rico faz um brinde,
Grato pelo presente,
Dando tchauzinho para os que o observam com desejo e admiração.
Sou a coragem de todo trabalhador acomodado,
Sou a revolta de todas as donas de casa,
Sou a energia de toda criança órfã de pais vivos,
Quem cria nossos filhos enquanto morremos na labuta?
Quem educa nossos filhos enquanto no entregamos a servidão?
Apenas na madrugada,
Nos sonhos somos felizes,
Não tem servo,
Não tem patrão,
Não tem dinheiro,
Muito menos ladrão.
A felicidade não é um pote de sorvete,
A felicidade não está à venda,
Mas vendam seus olhos para que não enxergue o que está diante dos seus olhos.
A noite é fria
E triste,
Não há gritos de dor,
De rancor ou de angustia,
Todos estão anestesiados,
Acostumados com o chicote invisível,
Todos estão dormindo.


Diogo Ramalho

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