sexta-feira, 16 de abril de 2010

Tentativa


Não me diga que nunca tentei dizer adeus,
Faço tentativas 24 horas por dia,
Mas a cada porta que abro vejo pedaços seus
Se esgueirando por entre as tábuas de minha cama.
A tentativa frustrada de fugir me corta a carne a cada passo em falso que dou.
A lâmina quente e afiada disseca minha pele
E a expõe como peça rara em sua sala de estar.
Nada é pior do que se sentir incapaz,
Do que ter a sorte nas mãos e entregar ao primeiro inútil que aparecer.
Tenho andado cabisbaixo e diariamente embriagado
E no alto de minha embriaguez vejo um falso senso de direção que me induz ao erro,
Venho insistentemente errando e dissolvendo
O amor que sentem por mim em copos de destilados.
Perguntam-me se sou feliz,
A felicidade não escreve poesias ou versos,
A tristeza sim!
Essa escreve com maestria e perfeição.
Espero que nunca me digas que nunca tentei dizer adeus,
Tentei e continuo tentando e sentindo a lâmina cortar a carne.
Nunca pedi tanto para que minha vida fosse levada pelo ceifador, para que tudo isso tivesse um fim.
Para que eu nunca mais pudesse acordar.

Diogo Ramalho

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