Na noite mais escura,
Tão escura que os vultos traiçoeiros não podiam ser vistos,
Tudo era simplesmente silêncio.
Mesmo assim “ele” morando do outro lado da cidade,
Acorda e tem a pior visão que sua mente podia produzir...
...sem saber o porquê de tudo aquilo ele vê no fundo de sua mente
Um amor e um amigo, se unido em um só entre sussurros e gemidos,
Ele acordado e ela do outro lado entregue alheia ao que ele vê.
Deitado no chão do quarto não entende como pode saber o que se passa
Em local distante, ele simplesmente sente, sabe e tenta não chorar.
Sempre soube de seu dom, sempre percebeu que era diferente,
Mas nunca quis usá-lo dessa forma.
Os vultos traiçoeiros se enlaçam em uma linda dança,
Ele tenta fechar os olhos, tenta não ver, tenta não enxergar o que sua mente mostra
Fechar os olhos é inútil,
Tudo está dentro de suas órbitas oculares.
Depois de um tempo o silêncio volta a reinar e nada mais pode ser visto,
As lágrimas secam e ele enfim pode encostar a cabeça no travesseiro e dormir.
Sem medo de acordar, pois ele sabe que tudo acabou.
Maldito seja o dia em que ele descobriu que poderia ver o que ninguém mais via.
Maldito foi o dia em que ele descobriu que ele era o olho que tudo vê.
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