Colocando em versos o que os olhos teimam em ver e a boca teima em não falar...
Perturbações escritas de um poeta
- Diogo Ramalho
- Um poeta de um otimismo invejável, mas que joga o seu pessimismo reprimido em versos que retratam o cotidiano e a falta de sentimentos do ser humano moderno! Colocando em versos o que os olhos teimam em ver e a boca teima em não falar...
domingo, 27 de setembro de 2009
Adultecer
Onde escondemos a vontade insaciável de sermos um só?
Nossas bocas se perderam na escuridão do quarto,
Quando de repente se encontram se entregam a um beijo sofrido e sem vontade.
Em meu peito uma dor aguda se faz sentir.
Sobram perguntas,
Mas hoje em dia as respostas andam tão escassas.
Busca incessante por sentimentos novos,
“Isto fica feliz em ser útil!”
No meio da tempestade surge um furacão,
Que revira minha vida e meus pensamentos,
Ando a reparar as atenções que tem para com os outros,
Mas o que me deixa maravilhado é viver um dia após o outro,
Observando assim a roda do tempo que insiste em girar.
Sou fruto de nossa história,
O raiar do dia me vem como o trinar de todas as aves invernais,
Me lembrando que acordo solitário mais uma vez.
Ando me acostumando a viver sozinho,
Saudade eu sinto,
Mas não há forma de matar essa dor que me invade o coração.
Nos perdemos nos caminhos tortuosos do adultecer,
Encontrando vários habitantes de diversos umbrais,
Aos poucos sei que meu corpo se acostumará com as feridas que eu abri,
Não se incomode com meus pés,
Não vou esperar por tanto tempo,
Meus pés não farão calos na minha nova caminhada.
Onde escondemos?
Onde?
Não sei,
Você talvez não saiba também.
E assim ficamos cada um caminhando sozinho,
E o rio segue sua jornada,
Derramando suas lágrimas no mar,
Eu sem seguir o exemplo enxugo meu pranto aos pés do mar.
Morto!
Don Diogo Ramalho
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